Dia do Trabalhador: como evitar riscos e acidentes para quem cuida de animais

Uso correto de EPIs pode proteger vidas de profissionais que atuam com pets e animais de grande porte

 

Arranhões, mordidas, coices, quedas e exposição a doenças transmissíveis. Esses são apenas alguns dos desafios enfrentados por quem trabalha diariamente com animais. Neste Dia do Trabalhador, o alerta é para a importância do uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e da conscientização sobre os riscos ocupacionais enfrentados por profissionais da Medicina Veterinária, Zootecnia, pet shops, clínicas, lares temporários e até cuidadores autônomos de animais.

O que são EPIs e por que eles são indispensáveis

Os EPIs são itens como luvas, aventais, óculos de proteção, máscaras, botas antiderrapantes e até capacetes, usados para proteger a integridade física e a saúde do trabalhador. “Não é exagero dizer que eles salvam vidas”, reforça o médico-veterinário Eduardo Ayres. “Mesmo o animal mais calmo pode reagir por instinto, e é nesse momento que o equipamento faz a diferença entre um susto e um acidente grave.”

NR-6: obrigação e responsabilidade de todos

A Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6), do Ministério do Trabalho, determina que os EPIs devem ser fornecidos gratuitamente pelo empregador e utilizados obrigatoriamente por todos os trabalhadores expostos a riscos durante suas atividades. Isso vale tanto para clínicas e hospitais veterinários quanto para estabelecimentos rurais, centros de treinamento ou laboratórios. Cabe ao profissional exigir, usar corretamente, conservar e informar sobre danos ou perda do equipamento.

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Muito além das mordidas: os riscos invisíveis da profissão

Na Medicina Veterinária, os perigos vão muito além do contato direto com os animais. O médico-veterinário Eduardo Ayres destaca os principais riscos enfrentados pela categoria: “Eles envolvem desde mordeduras e contato com fluidos corporais até a manipulação de equipamentos e substâncias potencialmente perigosas. Profissionais podem estar expostos à radiação ionizante, como no uso de raios X, a agentes biológicos que causam zoonoses e a substâncias químicas que podem provocar alergias, inflamações ou até câncer”, alerta.

Profissionais autônomos também precisam se proteger

Segundo o Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho, mais de 200 acidentes foram registrados em 2023 apenas na região Sudeste na área de serviços veterinários e zootécnicos. No entanto, esse número pode ser muito maior, já que muitos atuam de forma autônoma, sem emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

“Infelizmente, a cultura do ‘comigo não vai acontecer’ ainda é muito forte”, comenta a zootecnista Kátia Oliveira, que atua com equinos e dá aulas na graduação. “Mas basta um susto para mudar tudo.”

Trabalhadores com grandes animais: atenção redobrada

Quem trabalha no campo ou com animais de grande porte, como cavalos, precisa ir além. Botas reforçadas, luvas de couro, capacetes e roupas grossas são itens essenciais. “Já vi pessoas serem atingidas por cavalos usando sandália. É inadmissível”, lamenta Kátia.

Ela explica que até tarefas simples, como amarrar um animal ou alimentar um rebanho, podem resultar em acidentes graves se não forem tomadas as devidas precauções.

Educar para prevenir: a segurança começa na formação

Tanto Eduardo quanto Kátia reforçam que a mudança de mentalidade deve começar na universidade. “Não é só sobre estar protegido. É sobre responsabilidade com a própria vida e com os colegas ao redor”, finaliza Kátia.

 Checklist de EPIs por área de atuação

Veterinários e auxiliares em clínicas e hospitais

• Avental impermeável ou jaleco cirúrgico
• Luvas descartáveis e de procedimento
• Máscara cirúrgica ou PFF2 (em procedimentos com risco biológico)
• Óculos de proteção
• Bota antiderrapante
Zootecnistas e profissionais em campo

• Botas de couro ou borracha reforçada
• Luvas de couro (para manejo com cordas e animais de grande porte)
• Capacete (em áreas com risco de impacto ou queda de objetos)
• Protetor auricular (em ambientes ruidosos, como confinamentos)
• Óculos de proteção
Cuidadores, passeadores e profissionais de pet shops

• Luvas resistentes a mordidas ou arranhões
• Avental impermeável para banho e tosa
• Máscara descartável (durante limpeza de fezes e urina)
• Calçado fechado antiderrapante

Mais do que uma obrigação legal, o uso de EPIs representa um compromisso com a vida.
Para quem lida com animais diariamente, em pets ou clínicas urbanas ou grandes rebanhos no campo, prevenir acidentes é uma atitude de responsabilidade e profissionalismo. Adotar os equipamentos corretos e respeitar os protocolos de segurança é essencial para garantir uma atuação ética, segura e sustentável ao longo da carreira. Afinal, cuidar da própria integridade é também uma forma de cuidar melhor dos animais.

Fonte: CRMV-SP, adaptado pela equipe PetON

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