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Empresas ampliam ações pet friendly para funcionários: quais as vantagens e desafios?

Presença de animais de estimação promete descontrair o ambiente corporativo e promover interação entre colegas, mas exige cuidados

 

 

Não é de hoje que pesquisas indicam que interagir com animais de estimação fazem bem ao ser humano, podendo ajudar a reduzir estresse e ansiedade. Inclusive no ambiente de trabalho. Depois da pandemia e com a volta ao trabalho presencial já consolidada (ainda que no formato híbrido em muitos casos), as empresas vêm ampliando as práticas conhecidas como pet-friendly (amigável aos animais, em tradução livre) direcionadas aos funcionários. Entre elas, a permissão para que os colaboradores levem seus animais de estimação ao trabalho.

É o caso da seguradora Zurich, que desde o mês passado passou a adotar a ‘semana pet-friendly’ nos escritórios da companhia em São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG), liberando a entrada de cães dos funcionários ao longo de uma semana em cada mês. Segundo Mônica Matias, superintendente de Talento e Cultura da seguradora, a empresa já adotava práticas pet-friendly desde 2019, com a realização do “dog day”, um evento voltado para os funcionários e seus animais durante um dia inteiro. “Não executamos o ‘dog day’ na pandemia, em 2020 e 2021, mas retomamos em 2022. Foi daí que surgiu o apetite de ter o ambiente pet-friendly, porque no ‘dog day’ só tivemos experiências positivas, ajudando a criar interações e vínculos dos tutores com os outros colegas”, diz Mônica, ressaltando que a integração dos pets visa promover a saúde emocional e a diversidade familiar – afinal muitos consideram os bichinhos como parte da família.

Mônica conta ainda que a companhia levou cerca de 6 meses para desenvolver a política. Entre os desafios enfrentados estão a limpeza, as regras para animais ingressarem no condomínio onde ficam os escritórios participantes da semana pet-friendly e os cuidados com a saúde dos animais – que devem estar cadastrados e com as vacinas em dia. A seguradora mapeou 78 colaboradores-tutores que já levaram seus bichinhos aos escritórios e pretende fazer um censo para entender o tamanho total da população que é tutora e de quais espécie de pets.

Outra empresa que vem ampliando as políticas pet-friendly no país é a Mars, dona de marcas como o chocolate M&M’s e a ração para cães Pedigree. Pioneira em ações do tipo, desde 2012 a companhia permite que os seus mais de 130 mil funcionários em 80 países levem seus animais de estimação para o trabalho. Os bichinhos só não são permitidos nas fábricas, em respeito às regras sanitárias, explica Simone Karpinskas, diretora de Recursos Humanos da Mars. Nos escritórios, o pet pode acompanhar o tutor todos os dias, desde que respeite o limite de capacidade e siga as “regras de convivência” – chamadas por eles de “petiqueta”.

 

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Segundo Simone, a política pet-friendly foi expandida no final de 2022, quando a empresa lançou a “licença PETernidade” para os colaboradores. O benefício permite a ausência remunerada de oito horas para os funcionários que adotarem animais de estimação e é extensível para os casos de falecimento dos pets. “É um processo simples, sem grande burocracia, e as pessoas estão aderindo bem. Adotou um pet, trouxe o comprovante, já pode combinar o dia da licença com o gestor. Também vemos uma adesão alta em relação ao falecimento, quando sabemos que as pessoas precisam de um tempo para viver esse luto e poder se recuperar”, alega a diretora.

Para Simone, a tendência é cada vez mais empresas, de diferentes setores, aderirem a políticas pet-friendly e verem os benefícios desse tipo de ação, que incluem a redução do estresse e a criação de um ambiente mais colaborativo.

Fundadores engajados

É o que acontece com o Grupo Heineken, que no ano passado deixou de fazer ações pontuais (como o ‘pet day‘) para formalizar uma política pet-friendly para os colaboradores. Os benefícios incluem licença para quem adota um pet novo e para quem precisa lidar com a perda do animalzinho, além do acesso a um aplicativo que oferece consultas veterinárias online e outros serviços de suporte.

De acordo com Mariana Muza, gerente de benefícios do grupo no país, a motivação para o desenvolvimento dessas ações veio com a aquisição da marca Lagunitas, cervejaria norte-americana de produção artesanal, concluída em 2017. Ela conta que o fundador da Lagunitas era um apaixonado por cães – tanto que fez de um deles o logo da marca – e esse valor vem sendo cada vez mais “incorporado” pelo grupo.

A Heineken enfrenta desafios na comunicação interna sobre os dias pet-friendly, mas os resultados têm sido positivos, avalia Mariana. “Vemos o engajamento aumentando nas pesquisas de clima e isso está super relacionado com essa e outras ações pensadas para o bem-estar do colaborador”, diz a gerente.

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Mesmo em empresas menores é possível implementar ações para os animais de estimação. Na agência de comunicação BVolt, a presença de cães no espaço foi impulsionada pela CEO, Bruna Vicente, que desde a mudança para uma nova sede após a pandemia, passou a levar com frequência o seu golden retriever José.

A flexibilidade de levar cães ao escritório é liberada para todos da agência – são 16 colaboradores fixos. Apesar dos benefícios, como a descontração no ambiente de trabalho, a empresa entendeu que precisava de limpeza constante para o sucesso da prática e aumentou a presença da equipe de higienização. Além disso, a inclusão de clientes nas ações tem ampliado a aceitação da política. “Tem cliente que só quer vir quando sabe que vai ter algum pet, e tem cliente que traz o próprio cão junto sempre que vem nos visitar”, ressalta Adriana Guimarães, PMO da agência.

Desafios e dicas

Beatriz Nóbrega, consultora de RH, destaca a importância de alinhar essas ações com a cultura organizacional para garantir uma integração harmoniosa e o sucesso das iniciativas. Ela ressalta que a implementação gradual, começando com dias de teste, pode ajudar a minimizar desafios logísticos e garantir um ambiente equilibrado para todos os colaboradores, incluindo aqueles que podem não gostar ou mesmo ter alguma alergia aos pets. Além disso, pode ser um bom motivador para “atrair” para o presencial o colaborador mais resistente em deixar o home office.

Beatriz dá a dica para o profissional que quer aderir a esse tipo de política e levar o seu animalzinho para o ambiente corporativo. “Evite colocar na agenda reuniões e compromissos importantes, porque você não sabe como será a fase de adaptação do pet ao ambiente. Tem que tomar os cuidados devidos para não prejudicar sua produtividade e nem o pet. Aja como se fosse seu primeiro dia de empresa”, recomenda.

Fonte: Infomoney

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