*Por Daniel Moreira Teles
Quando saímos para passear com um cachorro, muitas vezes queremos que ele acompanhe nosso ritmo, siga em linha reta, sem paradas ou desvios. Mas, para o cão, a experiência do passeio vai muito além do caminhar: é um verdadeiro mergulho num universo de cheiros.
Pouca gente sabe, mas o olfato é o principal sentido dos cães. Mais do que ver ou ouvir, eles exploram e compreendem o mundo através do focinho. Para se ter uma ideia, enquanto nós, humanos, temos cerca de 6 milhões de receptores olfativos, os cães possuem cerca de 300 milhões! E o cérebro deles dedica uma área proporcionalmente 40 vezes maior que a nossa apenas para processar cheiros.
Desde o nascimento, o olfato guia os filhotes até a mãe, antes mesmo de abrirem os olhos. E ao longo da vida, ele continua sendo uma ferramenta essencial: para reconhecer pessoas, encontrar alimentos, detectar perigos, rastrear outros animais e até lembrar caminhos. Aliás, é daí que vem o antigo conselho popular: “Passeie com seu cão sempre pelo mesmo trajeto, assim ele aprende o caminho de casa” – uma sabedoria baseada na poderosa memória olfativa canina.
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Mais do que funcional, cheirar é um prazer para os cães. Estudos mostram que essa atividade estimula mentalmente, reduz o estresse, libera dopamina (o hormônio do bem-estar) e até ajuda a prevenir comportamentos destrutivos. Um cachorro que pode farejar é um cachorro mais equilibrado e feliz.
Não à toa, os cães são utilizados em uma variedade de tarefas que envolvem o faro: desde missões de resgate com bombeiros, até o auxílio a policiais na detecção de drogas, armas e até pessoas desaparecidas. Eles conseguem farejar até mesmo debaixo d’água ou a mais de 2 quilômetros de distância. Há ainda casos documentados de cães que detectam doenças como câncer e hipoglicemia apenas pelo cheiro do corpo humano.
Por tudo isso, é fundamental repensarmos como conduzimos nossos passeios com eles. Permitir que seu cão pare, cheire postes, arbustos, muros e até calçadas, não é “perda de tempo”, é dar a ele a oportunidade de se conectar com o mundo da maneira mais natural e significativa possível.
Caminhar com um cão não é sobre chegar rápido, mas sobre explorar o caminho com o focinho. Dê esse tempo a ele. Estimule. Deixe seu cão ser… cão.