Mudanças de rotina, falta de interação, separação do tutor e alterações bruscas no ambiente podem afetar o comportamento dos cães
O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de população pet, com cerca de 149 milhões de animais de estimação, conforme o censo mais recente do Instituto Pet Brasil, de 2021. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Opinion Box – plataforma especializada em pesquisas -, 81% dos tutores afirmam considerar seus pets como membros da família.
Entretanto, esse vínculo mais próximo entre humanos e animais de estimação tem levado a uma “humanização” dos cães, o que, embora resulte em mais cuidados e atenção, pode também gerar dependência excessiva dos tutores e afastar os animais de seus instintos naturais.
Por que os cães ficam ansiosos?
Uma das principais consequências dessa relação mais próxima é a ansiedade canina, que pode ser causada por fatores como separação do tutor, falta de estímulos, ou de atividades, e uma rotina bem definida. “Cães são animais que necessitam de atenção constante e acumulam muita energia. Quando essas necessidades não são atendidas, a ansiedade pode surgir. Isso pode gerar problemas de saúde, como transtornos gastrointestinais e alterações no sistema imunológico”, explica Marina Meireles, veterinária, especialista em comportamento, do centro veterinário hospitalar Nouvet, localizado em São Paulo.
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Além da dependência do tutor e da falta de atividades, outros fatores também podem provocar a ansiedade em cães. Mudanças significativas, como a chegada de um novo pet ou de um bebê, mudança de residência, perda de um membro da família ou a instabilidade nas relações do tutor (entre momentos de carinho e brigas) podem gerar medo e desconforto no animal, resultando em comportamentos ansiosos, conforme detalha a especialista.
Mudanças na rotina
Neste caso, a veterinária orienta que, quando há previsão de uma mudança na rotina, é importante que o tutor faça uma adaptação gradual do pet, permitindo que ele se acostume com novos cheiros (como o de um novo animal ou de um bebê) e com novos ambientes (como uma nova casa). Para isso, o acompanhamento de um veterinário comportamentalista pode ser fundamental, oferecendo um plano personalizado para a transição.
Sintomas de ansiedade canina
Os sinais de ansiedade em cães nem sempre são óbvios, por isso é fundamental que os tutores estejam atentos ao comportamento dos animais. Entre os sintomas mais comuns estão: medo excessivo, perda de apetite ou compulsão alimentar, lambedura excessiva, hiperatividade ou apatia, latidos frequentes e altos, salivação excessiva, marcação de território dentro de casa e destruição de objetos.
“Ao notar qualquer sinal atípico, o tutor deve levar o pet ao veterinário. O diagnóstico será realizado a partir do histórico clínico do animal e de um check-up para descartar outras condições de saúde que possam estar causando o problema”, afirma Marina Meireles. “No tratamento, é recomendável que se conte com o auxílio de um especialista comportamental, que avaliará o caso e indicará as melhores alternativas terapêuticas, incluindo, se necessário, o uso de medicamentos”, complementa.
Prevenção
Hábitos saudáveis e rotinas estruturadas são fundamentais para o bem-estar do cão. A veterinária reforça a importância de atividades que promovam enriquecimento ambiental, como brincadeiras e passeios regulares, além de manter horários consistentes para alimentação. Diversificar os ambientes onde o cão passa o tempo, oferecendo novos espaços e brinquedos, também pode ajudar. Outra estratégia eficaz é oferecer recompensas que estimulem o instinto de caça e o faro do animal, reforçando seu comportamento natural e auxiliando no combate à ansiedade.
