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Petisco de proteína alternativa é estratégia para reduzir alergias em pets

Biscoito 100% natural, produzido com farinha de insetos, tem alto valor nutricional, propriedade calmante e valoriza a sustentabilidade

 

A importância da proteína para os animais de estimação começa na origem da palavra, que vem do grego proteos e significa “primeira” ou “a mais importante”. Fundamental para a nutrição, a proteína tem inúmeras funções. Na extensa lista estão renovação e formação de estruturas como ossos, pele e músculos, constituição de hormônios que regulam o funcionamento de diversos órgãos, assim como de anticorpos que protegem o organismo de doenças. Os alimentos processados para cães têm a carne como uma das principais fontes proteicas. A indústria, no entanto, investe cada vez mais em proteínas alternativas. E aqui se inclui a farinha de insetos, que se destaca pelo alto valor nutricional, por propriedades hipoalergênicas e digestibilidade.

Da mesma forma que a indústria de alimentos para consumo humano, as corporações que formulam e colocam rações e outros suprimentos no mercado pet têm uma grande responsabilidade em atender às necessidades de populações que não cessam de aumentar. No caso brasileiro, enquanto a população humana cresce a uma taxa média de 0,52% ao ano, com base no Censo IBGE de 2010 a 2022, a animal aumenta 2,39% ao ano, de acordo com estatísticas do IPB (Instituto Pet Brasil) de 2018 a 2021.

“É possível que não tenhamos espaço e condições climáticas para produzir a quantidade de proteína necessária para alimentar humanos e animais”, observa a médica-veterinária Nury Garcia, especialista em nutrição animal e gerente de Negócios da Sumimoto Corporation. Neste sentido, a executiva considera fundamental o desenvolvimento deproteínas alternativas também para nutrição dos pets.

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À convicção de Nury Garcia por estratégias mais sustentáveis e alinhadas a soluções ambientalmente corretas na produção de alimentos somou-se um fato pessoal. Tutora deLiyuan, cachorrinha “profundamente carinhosa e amável”, ela se viu determinada a ajudar o animal em seus problemas digestivos e alérgicos.

Ao encontrar o empresário João Sales, Nury soube que ambos tinham um enredo parecido em relação aos seus animais de estimação. Após uma noite de apreensão e mal-estar da buldogue francesa Paçoca, o tutor precisou levá-la ao veterinário. “Foram três horas de medicação por causa de uma alimentação ruim, que eu julgava ser a melhor do mercado”, conta.

Motivado pela experiência com Paçoca, Sales se empenhou em desenvolver alimentosgostosos e saudáveis para animais de estimação. Este foi o início da Petí, nascida há quatro anos como startup na FGV (Fundação Getúlio Vargas).

De acordo com a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), há 55 milhões de animais no País diagnosticados com alergia alimentar. A partir deste quadro, muitos, a exemplo de Liyuan e Paçoca, desenvolvem uma série de problemas de saúde.

As estatísticas nacionais e as histórias pessoais de Nury Garcia e João Sales levaram a executiva e o empresário resultaram no projeto Petí BSF, para o desenvolvimento de petiscos 100% naturais, auxiliares da saúde. “A empresa cresceu e hoje, na parceria com a Sumimoto Corporation, criamos um produto igualmente saboroso, nutritivo e também potencialmente hipoalergênico para ajudar os tutores nos cuidados com os animais”, diz o CEO da Petí.

Os biscoitos Petí BSF são feitos com larvas desidratadas da mosca-soldado-negra(Hermetia illucens), ou Black Soldier Fly (BSF). A matéria-prima, sucesso no Exterior, está entre as fontes mais limpas, sustentáveis e saudáveis do mercado para os pets.

As moscas BSF são cultivadas em fazendas de insetos e têm um ciclo curto de vida, que facilita a produção. Para 1 quilo de BSF são emitidas, em média, 5 quilos de CO2, enquanto 1 quilo de carne gera cerca de 27 quilos de CO2. Além disso, a criação de BSF requer, significativamente, menos espaço, tempo e água.

A farinha de BSF é rica em proteínas de alta qualidade, com níveis proteicos entre 56% e 62%, e aminoácidos essenciais de alta digestibilidade, variando entre 76% e 98%. “No biscoito há um aporte muito grande de triptofano, um aminoácido essencial que juntamente com o maracujá e a camomila, que incluímos na fórmula, traz auxílio na redução da ansiedade”, destaca Nury. “O produto também não deflagra alergia nos animais”, completa.

Segundo Bárbara Ciola, nutróloga veterinária, o mercado pet é enrijecido na oferta de variedade de proteínas que compõem rações e petiscos para cães e gatos. “Por conta desta rigidez, temos muitos casos de alergias e problemas relacionados à exposição frequente a essas proteínas”, afirma. Para a especialista, que tem milhares de seguidores e também aborda a nutrição animal em suas redes sociais, proteínas diversificadasrepresentam uma expansão no tratamento de animais mais alérgicos que não respondem a dietas convencionais. “É muito importante levar informações ao dono de pet, principalmente de produtos sustentáveis e ambientalmente corretos que façam sentido para o consumidor.”

A Petí, que dobrou a produção e o faturamento ano a ano, desde sua fundação em 2020, tem a expectativa de crescer quatro vezes mais nos próximos dois anos. A partir da parceria com a Sumimoto, a empresa iniciou conversas para levar o Petí BSF para o México e contar com lojistas e distribuidores nos Estados Unidos e no Chile.

Nossa linha é baseada em propósito alinhado ao consumidor e ao pet. Acreditamos que a introdução da BSF na alimentação de animais de estimação é um dos raros momentos do mercado em que todos saem ganhando: o animal com mais nutrição, o mercado com produtos inovadores e o meio ambiente com muito menos carbono emitido, concluiJoão Sales.

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