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Saúde bucal e bem-estar pet

*Por Dra. Clarisse Teixeira

 

Dra. Clarisse TeixeiraCada vez mais os tutores assimilam que manter a saúde bucal dos animais de estimação é um cuidado essencial para a qualidade de vida deles. Assim como em humanos, a falta de escovação dentária nos pets pode levar ao acúmulo de bactérias que formam um biofilme nos dentes, evoluindo para a placa bacteriana e o tártaro. Esse processo não controlado pode desencadear doenças graves, como a periodontite, que é crônica e sem cura, mas evitável com prevenção adequada.

A escovação dos dentes é a principal medida para garantir a saúde bucal dos animais. Deve ser feita diariamente, preferencialmente desde os primeiros meses de vida, com o uso de escovas e pastas dentárias específicas para pets. Para animais mais resistentes à escovação, como alguns gatos, podem ser utilizadas dedeiras ou introduzida uma rotina gradativa com reforço positivo. Petiscos desenvolvidos para a saúde oral também podem auxiliar no controle do tártaro, mas não substituem a escovação.

A ausência desse cuidado pode causar gengivite, inflamação reversível na gengiva que, sem tratamento, evolui para periodontite. Esta é uma das doenças mais comuns na cavidade oral de cães e gatos, atingindo mais de 80% dos animais adultos. Ela pode levar à perda dentária, dor, dificuldade de mastigação e até complicar a saúde geral, com infecções sistêmicas. Além disso, o acúmulo de tártaro pode ser um fator de risco para doenças graves, como neoplasias.

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Outras condições bucais incluem a persistência de dentes decíduos, que dificulta o crescimento adequado dos dentes permanentes e pode causar periodontite, e as lesões endodônticas, decorrentes de fraturas dentárias ou traumas. Em gatos, uma doença significativa é o complexo estomatite crônica felina, um processo inflamatório severo e doloroso que afeta toda a cavidade oral e exige tratamento especializado, frequentemente envolvendo extração dentária.

Para manter a saúde bucal, além da escovação diária, é fundamental realizar consultas regulares ao veterinário. A avaliação profissional deve ser feita pelo menos duas vezes ao ano para raças predispostas a doenças periodontais, como as de porte pequeno, e anualmente para outros animais. Durante o exame, o veterinário pode identificar condições como gengivite, fraturas dentárias e presença de dentes decíduos, além de realizar radiografias para diagnosticar problemas não visíveis, como doenças da articulação temporomandibular ou fraturas radiculares.

Os sinais de problemas bucais incluem halitose, dificuldade de mastigação, salivação excessiva, sangramento oral, perda de peso e alterações comportamentais, como agressividade. Esses sintomas devem ser observados com atenção e tratados rapidamente para evitar a progressão de doenças.

O tártaro é especialmente relevante na saúde bucal dos pets. Formado pela mineralização da placa bacteriana, ele se acumula sobre os dentes e é um fator determinante para o desenvolvimento de doenças periodontais. A prevenção inclui escovação regular e profilaxia bucal periódica, realizada por um veterinário especializado.

Animais de espécies diferentes também demandam cuidados específicos. Em coelhos, por exemplo, a estrutura dental requer monitoramento constante devido ao crescimento contínuo dos dentes, que pode levar a problemas graves se não for controlado.

Outro aspecto importante é o cuidado com neoplasias orais. Tumores malignos são mais comuns em cães do que em gatos e incluem melanoma maligno, carcinoma de células escamosas e fibrossarcoma. Diagnósticos precoces, por meio de exames clínicos e histopatológicos, aumentam as chances de um tratamento bem-sucedido, que pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

*Dra. Clarisse Teixeira é veterinária especializada em Saúde oral e oncologia do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas

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