A prática é realizada no bairro Mercês, em Curitiba, com o intuito de arrecadar dinheiro para o trabalho de acolhimento desempenhado há oito anos pela organização na capital
Já pensou poder aproveitar os benefícios de uma aula de yoga na companhia de filhotes de cachorro resgatados? Essa é a proposta da ONG Adote um Vira-Lata. A prática é realizada no bairro Mercês, em Curitiba, com o intuito de arrecadar dinheiro para o trabalho de acolhimento desempenhado há oito anos pela organização na capital.
Com a colaboração de uma equipe de voluntários, as aulas duram em torno de uma hora e são realizadas, geralmente, aos sábados, duas vezes ao mês. As datas são divulgadas no Instagram da ONG. O ingresso custa R$ 95 e pode ser adquirido apenas via Sympla. Todo dinheiro arrecadado é revertido para a causa.
Uma das alunas presentes na aula realizada no último sábado (26), Kelly Carvalho conta que perdeu Bob, seu mascote, há três anos. Emocionada, ela afirma que a dor, ainda muito presente dentro de si, não a permite adotar outro cão. Pelo menos, não por agora. Porém, com tanto amor para dar, ela busca se manter presente em ações ligadas à causa animal.
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“Ele era a minha vida. Não consigo me imaginar passando por todo o processo de novo, mas toda vez que eu vejo um animalzinho mal eu sinto muito. Então sempre que posso, ajudo comprando rifa, doando, sendo voluntária em feira de adoção. Foi muito divertida a aula, voltaria e convenceria mais amigas a virem também”, conta.
Kelly soube das aulas de yoga com filhotes pelo marido que disse que a experiência era a cara dela. Para ela, a prática de yoga é um desafio pela necessidade de atenção plena que o exercício exige. Porém, com os cães, tudo se tornou mais leve e divertido.
Uma das voluntárias que atua na ação é Yasmin Chamiço. Ela explica que, enquanto a yoga é sinônimo de paz, os filhotes são o caos, mas ela garante: no melhor sentido da palavra.
“É uma delícia trabalhar com eles. É reconfortante sentir o amor deles por todo mundo que entra aqui. Cada turma é diferente, mas o amor deles é o mesmo” comenta.
Benefícios para dar e adotar
Mia é professora de yoga há três anos. De Curitiba, mas com formação na Índia, ela relata que a ação acontece há um ano e meio na Assissi, no bairro Mercês. Desde que conheceu o trabalho da Adote, a professora diz ter desenvolvido um carinho especial pela causa e resolveu ajudar doando conhecimento.
Mia defende que o projeto é completo, pois além de ajudar no trabalho da ONG, os alunos que participam das aulas se beneficiam com o melhor que a yoga pode oferecer: relaxamento e flexibilidade.
“Os benefícios da prática aqui dentro incluem liberar todas as tensões do corpo, porque às vezes estamos no trabalho e ficamos meio cansadas, e aqui a gente vem e solta se divertindo, principalmente com a presença dos nossos queridos. Aqui também conseguimos alongar bastante criando flexibilidade”, explica.
As voluntárias Luiza e Fernanda Ramos começaram a participar do projeto ainda como alunas. Envolvidas na causa, elas fizeram três aulas seguidas.
Fernanda garante que a experiência foi tão apaixonante que a dupla resolveu retornar, mas agora do outro lado: cuidando dos cinco filhotes para que as alunas possam aproveitar o melhor das aulas. “Estamos aqui para auxiliar um pouco o caos que vira isso aqui”, brinca Luiza.
Cachorros que participam de aulas de yoga estão disponíveis para adoção
Atualmente, o projeto conta com cinco filhotes: Mogli e Bolt (irmãos), Skol e Original (irmãos), e Filó, a bebê de dois meses. Todos estão para adoção.
Caso alguém participe da aula e se apaixone (o que não é difícil de acontecer), pode entrar no processo de adoção responsável. A voluntária Yasmin explica que o interessado deve entrar em contato com a ONG pelo Instagram, preencher o formulário e aguardar contato.
Dara Miranda já participou de várias edições da yoga com cachorros. Ela se lembra de ver Skol e Original, hoje com cinco meses, ainda bem pequenos ao lado dos outros cinco irmãos, todos com nome de cerveja e já adotados. Para ela, é muito bom retornar e ver que há cada vez menos.
“É bom ver que muitos já foram adotados. Essa ação que a Adote faz é tão importante e tão legal, pois é uma forma de trazer um pouquinho de carinho até que eles ganhem uma família”.
Dara tem dois cães adotados e garante que é a melhor coisa, pois eles têm um amor genuíno que “cura onde nem a gente sabe que dói”.
Adote precisa de ajuda
A Adote foi fundada em 2017. Atualmente, a ONG está precisando de ajuda para manter o trabalho de resgate e acolhimento. A voluntária Letícia Dias reforça que há várias maneiras de ajudar: desde com dinheiro até com tempo disponível.
“A ajuda pode ser no transporte, limpando, doando um pano de chão, uma vassoura, uma roupinha, um perfuminho, qualquer coisa. A principal renda da ONG é pelos eventos”, explica Leticia.
A voluntária ressalta que todo dinheiro arrecadado é para pagar custos veterinários, procedimentos, ração, entre outros. “Não pode adotar? Gente, vem brincar com eles, vem para uma aula, vem aproveitar”.
Vice-presidente da ONG, Júlia Ruas, reforça que até mesmo compartilhar o conteúdo produzido pela Adote nas redes sociais pode contribuir. Pois a ação permite que pessoas interessadas em adotar se conectem aos cães que estão para adoção.
Fonte: Tribuna