PremieRpet aposta em novos produtos e expansão industrial diante da ascensão dos felinos nos lares brasileiros
O mercado pet brasileiro está passando por uma transformação significativa: o segmento de alimentos para gatos tem crescido mais rapidamente que o de cães, marcando uma inversão de tendência no país. Segundo Fernando Jun Suzuki, diretor comercial da PremieRpet, maior fabricante nacional de alimentos premium e superpremium para cães e gatos, a média de crescimento anual do mercado pet gira entre 5% e 7%. Contudo, o aumento das vendas de produtos voltados para gatos já ultrapassa o ritmo do segmento canino. “Em outros países, [o mercado de gatos] já é maior, mas, no Brasil, sempre foi o cão [que liderou as vendas]. É bem provável que isso se equipare no futuro”, comenta Suzuki, que recentemente anunciou a intenção de adotar um gato, além dos dois cães que já tem em casa.
Com marcas como Golden, PremieR e Vitta Natural, a empresa consolidou sua liderança no segmento de alimentos para pets de alto valor nutricional e está investindo em expansão para atender à crescente demanda. Um novo complexo industrial de 92 mil metros quadrados foi inaugurado em Porto Amazonas, no Paraná, com um investimento de R$ 1,1 bilhão. A estrutura gerou 400 empregos diretos e 700 indiretos, além de ser equipada para produzir 120 mil toneladas de alimentos em 2025, representando um aumento de 20% na capacidade produtiva. A unidade é abastecida por energia solar e busca a certificação LEED, que reconhece práticas sustentáveis na construção civil. Quando todas as linhas estiverem operando, a capacidade de produção poderá alcançar 1 milhão de toneladas anuais, segundo Fabio Maluf, vice-presidente executivo da empresa.
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O setor pet brasileiro, o terceiro maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, movimentou R$ 77 bilhões em 2024, segundo dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), um aumento de 12% em relação ao ano anterior. Só o segmento de alimentos foi responsável por R$ 42 bilhões desse total. Esse crescimento é sustentado por mudanças no perfil de consumo: os pets, antes considerados apenas companheiros ou animais de guarda, ganharam status de membros da família. “O pet não é mais cão de guarda. Ele entra na casa, sobe na cama, entra no quarto. A gente não dorme com os filhos, mas dorme com os pets”, analisa Suzuki.
Essa transformação é refletida nos números populacionais. Em 2019, o IBGE registrou 54 milhões de cães e 24 milhões de gatos no Brasil. A Fundação Getúlio Vargas, em parceria com a Comissão de Animais de Companhia (Comac), projeta que esses números podem alcançar 70,9 milhões de cães e 41,6 milhões de gatos até 2030. Contudo, estimativas da Abinpet já apontam 68 milhões de cães e 34 milhões de gatos no país em 2023, indicando que o crescimento dos felinos é mais acentuado. A pandemia de Covid-19 impulsionou ainda mais esse cenário, com muitas famílias adquirindo animais para suprir a necessidade de companhia durante o isolamento. Pesquisas do Sebrae mostram que 31% das pessoas adotaram cães e 50%, gatos, no período.
Atenta a essa expansão, a PremieRpet diversificou seus negócios em 2023 ao adquirir a Progato, fabricante de granulado higiênico para felinos. Essa foi a primeira incursão da empresa fora do segmento de alimentos. Os gatos, conhecidos por seu paladar exigente e necessidades específicas, como cuidados com a pelagem, são cada vez mais alvo de pesquisas detalhadas na indústria de rações. Para Suzuki, o crescimento robusto do mercado pet reflete não apenas a mudança de hábitos, mas também a sofisticação da relação entre tutores e animais, que tem impulsionado novos investimentos e inovações no setor.