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Existe anticoncepcional seguro para gatas?

Profª Dra. Michele A. de Barros*

 

Não existem anticoncepcionais seguros para gatas. Os contraceptivos à base de progestágenos podem causar graves danos à saúde das felinas, muitas vezes com consequências fatais. Infelizmente, o uso desses medicamentos em gatas ainda é comum, em geral motivado pela falta de conhecimento sobre seus efeitos colaterais.

A progesterona, naturalmente produzida pelos ovários e pela placenta das gatas, quando administrada como medicação, pode provocar diversas doenças, incluindo câncer de mama, piometra e hiperplasia mamária. Aplicada durante a gravidez, pode até levar à morte dos filhotes.

Antes de discutirmos métodos contraceptivos, é importante entender o ciclo reprodutivo das gatas. Elas podem ter até quatro ninhadas por ano, o que contribui para uma superpopulação e o consequente sofrimento de muitos felinos, especialmente os sem lar.

O primeiro cio das gatas ocorre geralmente entre 5 e 9 meses de idade, mas isso pode variar diante de vários fatores como raça, estação do ano e peso corporal. Gatas que atingem um peso superior a 2,3 quilos já podem emprenhar, mesmo com poucos meses de vida. As não castradas, que vivem juntas, podem entrar no cio simultaneamente.

 

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O ciclo estral das gatas não é padronizado. Embora tenha cinco fases distintas, a variação pode depender do clima e da estação do ano. Dias mais longos e luminosos, como no verão e na primavera, aumentam a frequência do cio, tornando as gatas poliéstricas sazonais. A felina pode, inclusive, emprenhar novamente, ainda que esteja amamentando.

Durante o estro, fase fértil, as gatas exibem comportamentos específicos, como aumento do carinho, diminuição do apetite e miados diferentes. O período de estro pode durar de 2 a 19 dias, com uma média de 7 dias, e a presença de um macho pode influenciar sua duração.

É importante notar que as gatas só ovulam após a cópula, e mesmo assim podem acasalar sem ovular.

Para evitar a reprodução indesejada, a melhor opção é a castração. Apesar de algumas pessoas considerarem essa cirurgia mutiladora, estudos mostram seus benefícios, como a redução do risco de câncer de mama e infecção uterina. Além disso, gatas castradas tendem a ser mais tranquilas e contribuem para a manutenção da população felina em ambientes domésticos.

 

*Michele A. de Barros tem graduação em Medicina Veterinária pelo Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (Unifeob), residência em clínica médica de pequenos animais, pós-graduação lato sensu em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais na mesma universidade. Fez mestrado em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), com pesquisa voltada para células-tronco na Nefrologia, e doutorado em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com estudo de células-tronco na Neurologia. Membro fundador da International Association Cellular Regenerative Veterinary (Iacervet), consultora técnica da empresa Ourofino Saúde Animal na área de Terapia Celular. É professora titular no curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).

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