A companhia do pet teve impacto na saúde mental, como indica o trabalho publicado na revista científica JAMA Network
A conexão emocional com um amigo canino pode ter um potencial transformador na vida das mulheres entre 45 a 59 anos que sofreram abuso na infância, de acordo com um novo estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Os pesquisadores descobriram que essa relação com o animal de estimação diminui o risco de ansiedade e a depressão.
— Usamos várias medidas diferentes para depressão e ansiedade e descobrimos, no geral, que há uma associação inversa entre apego ao animal de estimação e resultados negativos de saúde mental. Isso significa que quanto mais apegado você for ao seu animal de estimação, menor será o risco de depressão e ansiedade — explica Eva Schernhammer, professora adjunta de epidemiologia em Harvard e uma das autoras do estudo, em entrevista à Harvard Gazette.
Segundo a equipe, mulheres que viveram traumas quando eram crianças tendem a desenvolver sofrimento psicossocial na idade adulta. A partir disso, o objetivo dos pesquisadores foi encontrar pistas se a relação com o pet tinha ligação com possíveis melhorias na saúde mental da tutora.
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O trabalho, publicado na revista científica JAMA Network, utilizou dois questionários feitos online, o primeiro em março de 2013 e o segundo em fevereiro de 2014, com respostas de 214 mulheres que apresentaram idade média de 60,8 anos.
As participantes receberam perguntas sobre sintomas relacionados à ansiedade e depressão, e as que confirmaram morar com animais de estimação responderam sobre especificidades do vínculo com os pets (tanto gatos como cachorros).
A partir dos dados coletados, os pesquisadores concluíram que a presença dos cães trouxe menores índices de depressão e ansiedade em 72,6% das mulheres na faixa etária de 45 a 59 anos, as quais tinham passado por abuso quando crianças.
— A premissa deste estudo é que pode importar mais o quanto você é apegado ao animal de estimação do que se você simplesmente tem um animal de estimação. Muitas pessoas têm animais de estimação, mas nem todo dono é apegado a eles — aponta.
Gatos também ajudam na saúde mental?
Eva Schernhammer aponta que houve uma associação entre os gatos e a saúde mental, mas não ficou tão evidente quanto a encontrada no caso dos cães.
— Com gatos, não parece haver uma associação entre apego ao animal de estimação e resultados de saúde mental. Houve um número menor de entrevistados, então não podemos descartar que não vemos nada porque havia poucos gatos na pesquisa — ressalta a pesquisadora.
A separação entre animais e tutores apresenta impactos
Por outro lado, separar pessoas de seus animais de estimação à força, mesmo em situações de crise, como violência doméstica, falta de moradia ou desastres naturais, causa impactos negativos em ambos. É o que dizem as evidências encontradas por um estudo publicado na revista científica Anthrozoös.
“Nossos resultados revelam que o forte apego emocional entre pessoas e animais pode resultar em vulnerabilidade para ambos em circunstâncias em que esse vínculo está ameaçado”, aponta Jasmine Montgomery, principal autora do estudo, em comunicado.
Pesquisadores da Universidade James Cook, na Austrália, chegaram a essa conclusão após revisarem 27 anos de investigação internacional sobre o assunto. A equipe examinou 42 estudos sobre o vínculo humano-animal e situações de separação em cenários que envolvem violência doméstica, falta de moradia e desastres naturais.
“Quando as pessoas são forçadas a separar-se no contexto de uma situação de crise, como desastre natural, falta de abrigo ou violência doméstica, isso pode resultar em sofrimento psicológico e risco para a sua saúde, e o bem-estar e a segurança são realmente afetados. Infelizmente, a revisão também confirmou que um resultado comum para animais de estimação em casos de violência doméstica eram maus-tratos e/ou morte”, completa a pesquisadora.
Fonte: O Globo