Fraturas, tártaro e inflamações orais prejudicam a qualidade de vida dos animais e exigem atenção constante dos tutores
As doenças dentárias são mais comuns em cães e gatos do que muitos tutores imaginam — e vão muito além do mau hálito. Quando negligenciada, a saúde bucal pode impactar diretamente órgãos como coração, fígado e rins. É o que alerta a médica-veterinária Vanessa Carvalho, fundadora da Smile4Pets e especializada em odontologia veterinária pela Anclivepa-SP, com mestrado, doutorado e pós-doutorado pela FMVZ-USP.
Segundo ela, quase 100% dos pets apresentarão algum grau de doença periodontal ao longo da vida, principalmente os de meia-idade e idosos. “A literatura fala em 80% dos animais de pequeno porte, mas na prática, vemos que esse número é ainda maior”, afirma.
Além da doença periodontal — provocada pelo acúmulo de placa bacteriana e tártaro — outros problemas frequentes incluem fraturas dentárias, lesões de reabsorção dentária (mais comuns em gatos), gengivoestomatite crônica felina e até tumores orais, benignos ou malignos.
Como identificar problemas bucais no seu pet?
Os sinais mais comuns são:
- Mau hálito persistente
- Gengivas sangrando
- Salivação excessiva (principalmente em gatos)
- Dificuldade ou recusa em mastigar
- Preferência por alimentos úmidos
- Comportamentos como esfregar o focinho com a pata
“O animal sente fome, se aproxima do pote, mas demora para comer. Mastiga devagar ou engole direto. Isso pode ser dor, mesmo que o tutor não perceba”, explica Vanessa.
Em casos mais graves, como a gengivoestomatite em gatos, a dor pode ser tão intensa que compromete a alimentação e causa emagrecimento e desidratação. Já fraturas dentárias, frequentes em cães que roem objetos duros, podem exigir tratamento de canal ou até extração.
Saúde da boca, saúde do corpo
O alerta mais importante, segundo a especialista, está na ligação entre doenças bucais e problemas sistêmicos. “Bactérias da boca entram na corrente sanguínea e podem provocar inflamações em órgãos como fígado, rins, pulmões e coração. Isso já foi comprovado também em humanos”, explica.
Leia mais:
- A Conferência Terapêutica Pet reúne especialistas em medicina integrativa veterinária em São Paulo
- Turismo pet friendly bate recordes e movimenta setor hoteleiro em 2025
- Dogme estreia no mercado e aposta em experiência premium no universo pet
Embora os sintomas apareçam na cavidade oral, as consequências vão muito além. Inflamações crônicas podem causar lesões à distância, prejudicando o bom funcionamento do organismo.
Como prevenir?
A prevenção começa com escovação diária usando escova de cerdas macias e creme dental específico para pets. Também são fundamentais visitas regulares ao veterinário especializado em odontologia, ao menos uma vez por ano — ou, idealmente, a cada seis meses.
A alimentação também influencia. Rações secas de boa qualidade ajudam na limpeza natural dos dentes ao estimular a mastigação. Já dietas úmidas, apesar de não serem contraindicadas, aumentam a necessidade de uma higiene oral rigorosa.
O exame completo da saúde bucal é feito em duas etapas: uma com o animal acordado (avaliação da placa, gengivas, mucosas, língua e mordida) e outra sob anestesia, para que o profissional consiga fazer radiografias e uso de sondas, alcançando regiões abaixo da gengiva — onde, muitas vezes, está o problema. “Procedimentos sem anestesia são apenas estéticos, não tratam o real problema e ainda causam dor”, ressalta a Vanessa.
Odontologia veterinária: tecnologia e qualidade de vida
Hoje, a odontologia veterinária conta com recursos similares aos da odontologia humana: tratamentos periodontais, canais, próteses, implantes, ortodontia, restaurações, cirurgias de mandíbula, tumores e até apoio de tomografia e radioterapia. “Não é só sobre dentes — é sobre bem-estar e saúde integral”, reforça a fundadora da Smile4Pets.
Em expansão, a Smile4Pets agora também atende no AmarVet’s Hospital Veterinário, oferecendo atendimento especializado com equipe multidisciplinar. “Nosso objetivo é ampliar o acesso a diagnósticos precisos e tratamentos de excelência para mais tutores e seus companheiros de quatro patas”, conclui.