Especialistas explicam como diferenciar crises epiléticas de outras condições, quais são os tratamentos disponíveis e como proporcionar qualidade de vida aos animais diagnosticados
A epilepsia, frequentemente associada aos humanos, também afeta um grande número de cães, levando tutores a buscarem informações sobre sintomas, tratamento e qualidade de vida. Caracterizada por crises epiléticas recorrentes, a condição exige diagnóstico correto e acompanhamento veterinário especializado.
“É fundamental entender que crise epilética e epilepsia não são a mesma coisa. A crise epilética é um sintoma e pode ser desencadeada por diferentes fatores, como infecções (cinomose), doenças metabólicas, inflamações ou tumores cerebrais. Já a epilepsia é uma doença neurológica crônica sem causa identificável nos exames”, explica a médica veterinária Vivian Quito.
Os episódios epiléticos podem incluir tremores, mudanças comportamentais, salivação excessiva e até perda de controle muscular. Durante uma crise, a orientação é manter o animal seguro, afastando objetos ao redor e evitando colocar qualquer coisa em sua boca. “Após a crise, o cão pode ficar desorientado ou cansado. O ideal é deixá-lo em um local tranquilo até que se recupere completamente”, acrescenta a especialista.
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O diagnóstico precoce é essencial para diferenciar a epilepsia de outras condições que causam convulsões. “Se um cão convulsiona devido a hipoglicemia ou AVC, por exemplo, tratar a causa subjacente pode eliminar os episódios. Já na epilepsia, o animal pode não apresentar alterações detectáveis nos exames, mas precisa de tratamento contínuo para controle das crises”, detalha Vivian.
Foi o que aconteceu com a vira-lata Pandora, diagnosticada com epilepsia há quatro anos. “Na primeira crise, pensamos que fosse um AVC. Ela não conseguia ficar em pé, tremia muito, babava e o coração estava acelerado”, relembra o tutor Benedicto Carlos Chiquino Junior. Pandora iniciou tratamento com óleo de canabidiol (CBD), composto derivado da Cannabis utilizado para tratar diversas condições, incluindo epilepsia. Desde então, ela teve apenas duas crises leves e leva uma vida normal sob acompanhamento veterinário.
O tratamento para epilepsia canina geralmente inclui medicamentos anticonvulsivantes, sempre prescritos por um veterinário após exames detalhados. Além disso, ajustes na rotina fazem diferença no controle da doença. “É importante evitar estímulos intensos, como luzes piscantes e barulhos altos, além de manter uma alimentação equilibrada, exercícios moderados e até terapias complementares, como acupuntura”, destaca Vivian.
Embora a epilepsia canina exija atenção constante, é perfeitamente possível garantir bem-estar ao pet. “Com os cuidados adequados e acompanhamento veterinário, muitos cães epiléticos levam uma vida normal. Informação e suporte são fundamentais para que o tutor se sinta preparado para lidar com a condição”, conclui a especialista.