Com dupla brasileira classificada para o Mundial, especialistas alertam para os riscos da prática sem orientação adequada
A relação entre humanos e cães pode ir muito além do companheirismo do dia a dia. Uma prova disso é o Canicross, esporte que une corrida e conexão entre tutor e cão — literalmente puxando na mesma direção. A modalidade, que cresce cada vez mais no Brasil, ganhou destaque nas manchetes recentemente com a vitória da atleta Mirlene Picin e seu parceiro de quatro patas, Donatello, no Campeonato Brasileiro de Canicross, em Jundiaí (SP). A dupla agora se prepara para representar o país no Campeonato Mundial, que será realizado nos Estados Unidos.
Mais do que uma competição, o canicross é uma oportunidade de fortalecer o vínculo entre humanos e cães, promovendo saúde, bem-estar e diversão para ambos. No entanto, a prática exige responsabilidade e alguns cuidados importantes para garantir a segurança e o conforto dos pets.
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O que é o Canicross?
Originado na Europa, o canicross é uma corrida em trilha na qual o cão corre preso ao tutor por uma guia elástica, com uso de equipamentos adequados como cinto para o tutor, peitoral específico para o cão e linha de tração. A modalidade tem ganhado espaço em diversas cidades brasileiras, com provas organizadas para amadores e profissionais.
Preparação e cuidados com os cães
De acordo com a médica-veterinária Vivian Quito, o canicross pode ser extremamente benéfico para cães ativos e saudáveis, mas é fundamental adotar alguns cuidados antes de iniciar a prática.
“Antes de começar, é essencial que o cão passe por uma avaliação veterinária completa. Raças braquicefálicas, como Buldogues e Pugs, não são indicadas para esse esporte devido ao focinho curto e à respiração mais delicada. Já raças como o Husky Siberiano, apesar da aptidão física, podem sofrer com o calor e o esforço excessivo, o que também exige cautela”, explica a especialista.
Vivian também alerta para o risco de lesões em cães não acostumados com o exercício, além de reforçar a importância da hidratação constante, do uso de equipamentos adequados e de um treinamento progressivo.
Cães idosos e de porte pequeno não devem praticar a modalidade, já que não possuem estrutura óssea e articular compatível com o esforço exigido. Os filhotes também devem ser poupados, pois estão em fase de desenvolvimento, e o impacto da atividade pode prejudicar seu crescimento.
“Não é só colocar o equipamento e sair correndo. O cão precisa ser condicionado aos poucos, assim como nós. E o tutor deve aprender a respeitar os limites do animal”, conclui Vivian.
Vitória com responsabilidade
Com anos de experiência no esporte, Mirlene e Donatello são exemplo de parceria e respeito mútuo. A preparação para o Mundial inclui treinos adaptados, foco na nutrição e acompanhamento veterinário constante.
Essa foi apenas a nossa segunda competição. O desafio é acompanhar um cão de grande porte e alta performance em trilhas. O tutor também precisa estar preparado, mesmo sendo tracionado. A sintonia é tudo”, explicou Mirlene. “O mais curioso é que conhecemos o esporte por acaso. Escolhi o Donatello como cão de companhia, e só depois descobrimos o quanto ele ama correr.”
Canicross: esporte em expansão
Seja em trilhas, parques ou competições oficiais, o canicross veio para ficar. A prática atrai tutores apaixonados por atividade física e que querem incluir seus cães de forma segura e divertida nessa rotina. Mas o recado dos especialistas é claro: diversão, sim — com responsabilidade sempre.