Animal foi mantido preso em gaiola durante o ataque; vídeo revoltante gerou comoção nas redes sociais
Um caso chocante de maus-tratos a animal silvestre está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), após a circulação de um vídeo nas redes sociais nesta semana. Nas imagens, gravadas na zona rural de Santa Juliana, no Triângulo Mineiro, um homem de 50 anos aparece pintando um macaco com tinta spray azul, enquanto o animal está preso em uma gaiola.
Durante o ato, o autor do crime debocha da situação, dizendo frases como: “Você já viu macaco azul alguma vez na vida?”. O vídeo, que rapidamente gerou revolta entre internautas e defensores dos animais, mostra o animal com as patas, o rabo e parte do corpo totalmente cobertos pela tinta tóxica.
Clique aqui e veja o vídeo – atenção: imagens fortes
Investigação e confissão
A polícia iniciou as investigações após receber o vídeo por meio de uma denúncia anônima. O suspeito, identificado como Ivair Heraldo da Cunha, foi localizado e confessou o crime em depoimento. De acordo com a PCMG, ele vai responder em liberdade pelo crime de maus-tratos, previsto no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), que estabelece pena de 3 meses a 1 ano de detenção, além de multa — pena que pode ser aumentada caso o animal venha a morrer em decorrência do ataque.
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Durante diligências na propriedade, a polícia encontrou telhas quebradas e pintadas de azul, o que reforça que o crime aconteceu no local registrado no vídeo. A investigação apontou ainda que o homem capturou o macaco utilizando uma armadilha instalada no telhado da residência, o manteve preso, pintou com tinta spray e depois o soltou.
Riscos graves à vida do animal
Segundo o médico-veterinário Márcio Bandarra, o animal — possivelmente um macaco-prego — foi exposto a sérios riscos à saúde.
“Essas tintas contêm solventes, resinas e até metais pesados, que, em contato com a pele ou vias respiratórias, podem causar intoxicação, sonolência, obstrução e até levar à morte. Se não morreu, esse macaco está extremamente vulnerável, com maiores chances de ser predado”, explicou.
Até o momento, o animal não foi localizado. Ele teria fugido para uma área de mata após ser solto.
“Pintei para ele não voltar”, diz autor
Em depoimento, Ivair alegou que pintou o animal como forma de “espantar” futuras invasões do macaco em sua casa. A justificativa foi amplamente repudiada por especialistas e ambientalistas, que alertam para o aumento das interações indevidas entre humanos e animais silvestres.
“O que começa com uma interação considerada ‘fofa’ vira conflito quando o animal começa a buscar alimento nas casas, pegar frutas ou causar algum dano. Ainda assim, nada justifica uma ação violenta e criminosa”, afirma o veterinário.
Multa e reação pública
Além do processo criminal, o autor foi multado pela Polícia Militar de Meio Ambiente em R$ 17.699,20. A população e organizações de defesa animal pedem punição exemplar, reforçando que atos como esse são inaceitáveis e não podem ser banalizados.
A Polícia orienta que qualquer cidadão pode denunciar maus-tratos a animais, inclusive de forma anônima, por meio dos canais das autoridades ambientais ou da própria polícia.