Crueldade contra animais revolta voluntários e reacende debate sobre segurança e respeito à vida nos espaços públicos
Quatro gatos foram encontrados mortos com sinais de violência nas últimas semanas nas imediações do Parque da Independência, na zona sul de São Paulo. Uma gata, chamada Maria Rita, segue desaparecida. Os animais faziam parte da colônia cuidada por voluntários do grupo de proteção “Gatos do Ipiranga”, que há mais de duas décadas atua na preservação e cuidado dos felinos que vivem no entorno do Museu do Ipiranga.
As mortes, que ainda não foram oficialmente esclarecidas, geraram forte comoção entre moradores, ativistas e frequentadores do parque. Diante da situação, o grupo organiza uma manifestação pacífica, a “Caminhada por Justiça pelos Gatos do Ipiranga”, marcada para quinta-feira, 8 de maio, às 7h, com concentração no portão da Rua Xavier de Almeida.
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Segundo os organizadores, a hipótese de envenenamento foi descartada, já que não houve registro de aves mortas, o que costuma ser um indicativo desse tipo de crime. Necropsias realizadas com recursos do próprio grupo revelaram sinais de violência nos corpos dos animais, identificados como Maria da Glória, Boquinha, Fosther e um gatoque ainda não tinha nome.
Entre as suspeitas levantadas estão possíveis ataques durante períodos de menor movimentação no parque, a atuação de pessoas com acesso ao local fora do horário de visitação e até ataques provocados por cães incitados por visitantes. Também não se descarta a possibilidade da ação de um agressor em série.
Especialistas alertam que a violência contra animais pode estar ligada a distúrbios comportamentais graves. “Esse tipo de crime coloca toda a comunidade em risco”, disse uma das ativistas envolvidas no protesto. Estudos apontam que maus-tratos a animais podem ser indicativos de comportamento psicopata e preceder atos de violência contra pessoas.
Casos semelhantes já ocorreram em outros locais do estado. Em Piracicaba, em 2015, cerca de 40 gatos foram encontrados mortos no Cemitério da Saudade. No ano seguinte, mais de 20 gatos foram mortos em circunstâncias parecidas no Cemitério da Quarta Parada, em São Paulo.
Enquanto no Brasil a convivência entre gatos e espaços públicos ainda enfrenta resistência, países como Itália e França adotam políticas de proteção aos felinos comunitários. Em Roma, os gatos são parte do cenário histórico, com direito a cuidados regulares por parte de voluntários conhecidos como gattares. Em Paris, colônias de gatos convivem pacificamente em locais como o cemitério de Montmartre.
No Ipiranga, os gatos sempre fizeram parte do cotidiano dos visitantes do parque. “Nos últimos vinte anos, eles encantaram quem passava. Agora, a cena mudou”, lamenta Patrícia Drusian, voluntária do projeto. “Nunca vimos nada parecido. Isso não pode passar em silêncio.”
O grupo de voluntários reivindica esclarecimentos sobre as mortes, acesso às imagens das câmeras de segurança, reforço na vigilância, rondas noturnas, reforma nas grades do parque e a instalação de um posto fixo da Guarda Civil Metropolitana. “Não queremos confronto, queremos união e cuidado”, reforça Patrícia.
Enquanto aguardam respostas, os gatos restantes estão sendo temporariamente retirados do parque por precaução. Os organizadores da caminhada pedem que os participantes usem camiseta preta e levem cartazes. “Não é só pelos gatos”, afirma Andréa Bulbarelli, outra voluntária. “É pelo respeito à vida e pela segurança no parque.”
Mais informações sobre o caso e formas de colaborar podem ser encontradas no perfil @gatosdoipiranga, no Instagram.
Serviço
Caminhada por Justiça pelos Gatos do Ipiranga
📅 Data: 08/05/2025 (quinta-feira)
🕖 Horário: 7h
📍 Local: Entrada do Museu do Ipiranga – Rua Xavier de Almeida, São Paulo (SP)