Três cães convivem com servidores, ajudam a quebrar a tensão do ambiente policial e reforçam laços de lealdade e carinho com a equipe, em Campo Grande
No prédio do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil) de Campo Grande, três cães fazem parte da rotina dos servidores. Convivendo livremente dentro da delegacia, eles recebem atenção, afeto e, com seu jeito único, também ajudam a cuidar do ambiente.
A história começou há cerca de oito anos com a chegada da Mica, uma labradora branca. Segundo a delegada Ana Cláudia Medina, a cadela pertencia a uma assistente social que, durante um processo de separação, precisou encontrar alguém de confiança para cuidar dela.
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“Ela era muito apegada à Mica, mas não podia mais ficar com ela porque os pais eram idosos e a cachorra era muito brincalhona. Sabendo que a gente gostava de animais, ela nos confiou a Mica, que já chegou treinada como farejadora e logo virou parte da equipe”, conta a delegada.
Mica rapidamente se tornou um símbolo do Dracco. Participou até de desfiles da Polícia Civil e, hoje, aos 11 anos, vive tranquila nas dependências do departamento. Mas sua história ganhou um novo capítulo quando, já idosa, surpreendeu a todos ao ter oito filhotes. Um deles, Dom, ficou com o casal Medina.
“A gente achava que ela não engravidaria mais, mas ela teve os filhotes embaixo de um carro, durante a operação Forasteiros, em 26 de setembro. Foi marcante. Nosso filho disse: ‘É o herdeiro da Mica! Vai se chamar Dom Frederico Primeiro'”, relembra Ana.
Preto, grande e cheio de energia, Dom recebeu o apelido de “filho da pantera”, numa referência ao símbolo do Dracco. “Ele já nasceu uniformizado”, brinca a delegada.
O terceiro integrante da matilha é Ícaro, encontrado por Roberto Medina Filho, piloto policial, durante um curso de aviação em São Paulo. “Ele apareceu do nada, magro e assustado, e começou a dormir na porta do meu alojamento. Quando eu saía, ele sumia, mas sempre me acompanhava até o portão. Isso durou meses. No fim do curso, decidi trazê-lo comigo”, lembra Medina.
Como o local não permitia a presença de animais, Ana sugeriu que ele fosse levado para o Mato Grosso do Sul. Ícaro chegou em 2019, com cerca de um ano e meio, e foi adotado oficialmente.
“Ele era muito assustado, precisou ser sedado para a viagem. Mas quando chegou aqui, se apegou a mim logo de cara. Falei baixinho com ele para não assustar e disse: ‘Você veio da aviação? Então agora é o nosso Ícaro'”, conta Ana, explicando que o nome também homenageia a operação Ícaro da Polícia Civil. Curiosamente, o movimento do rabo dele lembra o rotor de um helicóptero.
Hoje, Mica, Dom e Ícaro circulam livremente pelo Dracco, onde são tratados como membros da equipe. “Eles fazem parte do ambiente. Quando saem para dar uma volta e retornam, parece que estão patrulhando”, brinca Ana. Além de receberem a imprensa em dias de coletiva, estão sempre atentos aos comandos da família Medina, com quem construíram um vínculo que vai muito além da proteção policial: é pura lealdade e amor.