Sedentarismo, alimentação inadequada e desconhecimento dos riscos fazem da obesidade um problema sério para cães e gatos
A obesidade pet tem se tornado um problema crescente no Brasil e no mundo. Estudos apontam que até 41% dos cães e 40% dos gatos no país estão acima do peso, reflexo do sedentarismo, do excesso de petiscos e da alimentação calórica. Apesar de quase 96% dos tutores reconhecerem que seus animais estão acima do peso, apenas 20% buscam ajuda profissional, seja por desconhecimento dos riscos ou por questões financeiras.
“O excesso de peso nos pets está diretamente ligado ao desequilíbrio energético: eles ingerem mais calorias do que gastam”, explica Taís Angélica Tosco, médica veterinária especializada em Endocrinologia e Metabologia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas. Segundo a especialista, além da alimentação inadequada e da falta de exercícios, algumas condições hormonais, como hipotireoidismo e hipercortisolismo, também podem influenciar no ganho de peso.
Foi o que aconteceu com Eliot, um gato de quase 11 anos. Castrado aos sete meses, ele manteve o peso ideal até os quatro anos, quando começou a engordar progressivamente. Sua tutora, Léia, percebeu a mudança e procurou ajuda veterinária. Após exames, foi constatado que Eliot precisava de uma dieta específica e de mudanças na rotina. Com acompanhamento profissional e alimentação controlada, hoje ele está mais ativo e saudável, pesando 9,2 kg. “Ele come ração indicada para tratar a obesidade e está super bem”, comemora Léia.
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O impacto da obesidade na saúde dos animais é significativo. Ela reduz a expectativa de vida em até 20% e pode desencadear problemas ortopédicos, cardíacos, respiratórios e metabólicos, como diabetes felina. “A castração, por exemplo, não causa obesidade, mas diminui o metabolismo do animal, tornando necessário um controle mais rigoroso da alimentação e das atividades físicas”, ressalta Tosco.
Apesar da maior conscientização dos tutores, muitos tentam ajustar a dieta dos pets por conta própria, sem acompanhamento especializado. “Mudar para uma ração light sem critério pode resultar em falha no tratamento e até em desnutrição”, alerta a veterinária. O ideal é que cada animal tenha um plano personalizado, com metas realistas de perda de peso e acompanhamento veterinário.
O mercado de gerenciamento da obesidade pet está em expansão. No Brasil, esse setor movimentou US$ 303,3 milhões em 2023 e deve alcançar US$ 447 milhões até 2030. O aumento da expectativa de vida dos pets, a popularização dos planos de saúde animal e o avanço da indústria de alimentos terapêuticos impulsionam esse crescimento. Em 2024, esses produtos representaram mais de 89% do segmento.
Para manter a saúde dos pets, os especialistas recomendam consultas veterinárias regulares, alimentação balanceada e exercícios diários. Em cães, caminhadas e brincadeiras são essenciais; já para gatos, a estimulação com brinquedos e atividades dentro de casa ajuda a manter o peso sob controle. “Cada animal tem necessidades energéticas específicas, que devem ser levadas em conta para evitar o sobrepeso”, conclui Tosco.
A obesidade pet é um desafio crescente, mas, com informação, planejamento e acompanhamento profissional, é possível garantir uma vida mais longa e saudável para os animais de estimação.