Especialistas apontam que a convivência entre crianças e animais de estimação fortalece vínculos familiares, estimula o desenvolvimento emocional
Em menos de um mês de convivência, a pequena Laura, de apenas um ano, e Zoe, uma buldogue francesa cheia de energia, já se tornaram inseparáveis. Um vídeo carinhoso mostra as duas em cenas de pura cumplicidade: abraços, brincadeiras e um carinho espontâneo que emociona quem assiste.
“É uma relação intensa em pouco tempo”, conta a química ambiental Laisa Magalhães, mãe de Laura. “Elas estão sempre grudadinhas. A Laura tem verdadeira paixão pela Zoe e, onde uma está, a outra acompanha. Essa convivência trouxe uma rotina de afeto e confiança que me emociona diariamente.”
Para Laisa, a chegada de Zoe representou mais do que a companhia de um pet: trouxe uma forma única de aprendizado e desenvolvimento para a filha. “Vejo o quanto Laura se torna mais sensível, cuidadosa e feliz com a presença da Zoe. É um vínculo que transforma o jeito dela de se relacionar com o mundo.”
O olhar da psicologia: pets como parte da parentalidade
A psicóloga clínica Miriam R. Pinto explica que a cena de Laura e Zoe é um reflexo de um fenômeno cada vez mais presente: os pets como parte integrante das famílias modernas.
“Os animais de estimação deixaram de ser vistos como ‘o bicho do quintal’ e passaram a ocupar um espaço íntimo, muitas vezes dividindo o quarto ou até o berço com as crianças”, destaca. Para ela, isso representa uma mudança cultural importante, sobretudo em famílias menores, nas quais os pais encontram nos pets aliados para o exercício da afetividade.
Segundo Miriam, esse convívio traz benefícios claros. Crianças que crescem com animais tendem a desenvolver empatia, senso de responsabilidade e maior segurança emocional. “O contato cotidiano ensina sobre cuidado, respeito e amor incondicional. E o mais bonito é que a criança não percebe o animal como algo ameaçador, mas como um ser vivo que merece carinho e atenção. Isso reduz fobias, aproxima afetos e fortalece vínculos.”
Afeto que atravessa gerações
A especialista lembra que essa relação vai além da infância. Durante a pandemia, muitos pais suspenderam planos de ter mais filhos e optaram por adotar animais para acompanhar seus pequenos — um gesto que se mostrou fundamental para manter a saúde emocional das famílias em momentos de isolamento.
O fenômeno também se repete na vida adulta. Jovens que deixam a casa dos pais para morar sozinhos, segundo Miriam, frequentemente adotam pets como companhia. “Eles preenchem o vazio, ajudam na adaptação e criam uma rotina de cuidados que fortalece a autonomia. É um exercício de parentalidade em diferentes estágios da vida.”
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Ela mesma viveu isso de perto, com a adoção de uma gatinha chamada Pandora pelo filho. “Ele sempre diz que a presença dela fez a transição para a vida sozinho ser muito mais leve. Esse exemplo mostra como os animais têm a capacidade de transformar o cotidiano e dar sentido às nossas relações.”
Um novo tempo para as famílias
Miriam ressalta ainda que a parentalidade não se limita a casais. Famílias monoparentais ou compostas de diferentes formas encontram nos pets um elo fundamental para a criação de um ambiente afetuoso.
“O que importa é que os animais fazem parte da família, independentemente da configuração. Eles ensinam que amar e ser amado é uma necessidade universal. E quando uma criança cresce nesse ambiente, como a Laura, o aprendizado é ainda mais profundo: ela se torna parte de uma relação de cuidado e confiança que vai marcar toda a sua vida.”
A história de Laura e Zoe é apenas um exemplo do quanto a convivência com pets pode ser transformadora. Mais do que companheiros de brincadeira, eles se tornam professores silenciosos do amor, do cuidado e da empatia. E, como afirma Laisa, “quando vejo a felicidade da minha filha ao lado da Zoe, tenho certeza de que não poderia ter feito escolha melhor. É uma relação que só traz alegria, para ela e para toda a nossa família, que ama pets.”
