Serviços que visam o bem-estar e a longevidade dos animais de estimação vêm para transformar um mercado carente de inovação, tecnologia e pensamento de escala
“O mercado pet está em franca expansão e vive um momento de hype.” Com estas afirmações potenciais para criar um clima de euforia entre os empreendedores, Airton Medeiros inicia a entrevista ao PET ON. Ao mesmo tempo, no entanto, o idealizador da startup iDog visualiza um cenário de disrupção para os próximos anos. “Quando iniciei o negócio em 2020, observei que o mercado carecia, e ainda carece, de inovação, tecnologia e de um pensamento de escala”, afirma. “Minha visão é de que há no mercado pet muita força de vontade, mas pouca qualificação.”
O iDog iniciou suas operações no auge da pandemia. A ideia de criar uma startup que combinasse banho e tosa em domicílio, dentro de uma van equipada com recursos de pet shop, com dia e horário agendados por aplicativo, foi inspirada em uma necessidade pessoal de Medeiros: por mais que tentasse, sua cachorrinha não saía de casa para tomar banho.
No início, eram duas vans para atender a clientela. Hoje o iDog tem 11 veículos equipados e até o final do ano deve expandir a frota, chegando a 15 unidades para atender os clientes de quatro patas em Campinas. Nesta expansão, a sustentabilidade é item prioritário. Desde abril, a empresa colocou para rodar com um veículo novo, parcialmente elétrico, adaptado às necessidades da operação. O carro, explica Medeiros, é movido a combustão, mas toda parte do maquinário de pet shop, que dependia de gerador para ser alimentada, hoje trabalha 100% com bateria. Os veículos que vêm por aí vão utilizar o mesmo sistema.
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Mas em que contexto nacional de negócios está inserido este negócio que amplia clientela, investe em tecnologia e em novos projetos? “Na minha análise, o mercado brasileiro é muito tradicional na parte do varejo e extremamente pulverizado”, diz.
“Grande fatia deste mercado é formada por pequenos pet shops, com negócios familiares pouco profissionais e muito empreendedor mais guerreiro do que técnico.”
De acordo com Medeiros, o consumidor que escolheu ter um animal em casa está buscando cada vez mais comodidade e tecnologia. “Diante de um cenário fragmentado, com poucos players de relevância nacional, o mercado pet vai sofrer uma disrupção nos próximos anos. E vai ficar cada vez mais difícil para o pet shop de bairro”, destaca.
O serviço de banho e tosa, que agrega majoritariamente um público das classes A e B, tem em seu idealizador a forte disposição para “escalar negócios”. Também com a “grife” iDog, Airton Medeiros está construindo uma estrutura de aproximadamente 4 mil m2 com a proposta de “mudar a cara” do mercado pet. “Consigo afirmar que não há um projeto deste porte no Brasil em área urbana”, diz o empreendedor.
Com foco na vertente de serviço, o complexo vai contemplar creche, hotel, parque aquático, recreação, medicina preventiva voltada ao bem-estar e à longevidade animal, área de fisioterapia, entre outros equipamentos, incluindo banho e tosa. O lançamento está previsto para agosto, com target de clientes de médio e alto padrões. “Campinas é uma cidade que permite testar muita coisa com velocidade e escala. E a partir daqui, pretendemos levar esta proposta a outros municípios”, projeta.
Entre 2025 e 2026, Medeiros pretende dar outro passo ousado. “A ideia é criar uma fundação para ajudar na capacitação de profissionais em comunidades carentes”, adianta.
Um dos principais desafios no iDog é equipe para trabalhar na proposta itinerante de banho e tosa. “Mas o mercado pet tem uma grande vantagem em relação a outros. O pré-requisito do profissional é que seja apaixonado por animais. A partir daí é possível treinar e capacitar”, afirma.
Para o empreendedor com pretensões de se lançar no mercado pet, Airton Medeiros enumera três dicas fundamentais: “ter foco no cliente, estudar dados e números e olhar para a tecnologia”.