Cães mudam de personalidade e se tornam cada vez mais parecidos com os donos

Convivência com humanos influencia o comportamento e até a saúde emocional dos cães, aponta estudo

 

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan (EUA) reforça o que muitos tutores já suspeitavam: os cães, além de terem personalidade própria, mudam com o tempo, e se tornam cada vez mais parecidos com os donos. O levantamento, publicado no Journal of Research in Personality, é um dos maiores já realizados sobre o tema, com mais de 1.600 tutores de diferentes raças de cães entrevistados.

Entre as descobertas, os cientistas identificaram que os traços de comportamento dos cães podem ser influenciados diretamente pela convivência com os humanos. Cães de tutores mais extrovertidos, por exemplo, tendem a ser mais ativos e brincalhões. Já donos com altos níveis de ansiedade tendem a descrever seus pets como mais medrosos e menos responsivos.

Segundo o psicólogo William Chopik, líder do estudo, a personalidade dos cães pode mudar de forma significativa ao longo da vida, especialmente após os seis anos, considerado o “ponto ideal” para o treinamento de obediência. Ainda assim, ele reforça que a aprendizagem continua possível mesmo em idades avançadas, desmentindo o velho ditado de que “cachorro velho não aprende truques novos”.

Outro ponto importante revelado pelo estudo é a relação entre personalidade canina e saúde. Animais com traços comportamentais negativos — como medo excessivo ou agressividade — podem apresentar mais doenças crônicas, problemas de pele e até comportamentos autodestrutivos.

Influência do tutor vai além da aparência

Para especialistas em comportamento animal, como o brasileiro Roberto Mayer, a pesquisa apenas confirma o que já é observado na prática. “A raça do cão importa menos do que o ambiente e o comportamento do tutor. A forma como o dono conduz a rotina do pet tem impacto direto no equilíbrio emocional e físico do animal”, afirma.

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Já a veterinária Adriane Pimenta da Costa, da UFMG, alerta para o exagero nos cuidados humanizados. “Animais precisam ser tratados como tal. Muitos tutores colocam cães em carrinhos, evitam que eles pisem no chão, e isso prejudica o instinto e as defesas naturais do pet. Além disso, o excesso de mimo e a falta de liderança podem gerar estresse e problemas de comportamento”, explica.

Cães também têm “inteligência investigativa”

Além da mudança de personalidade, outra pesquisa, desta vez do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, aponta que os cães demonstram habilidades metacognitivas, ou seja, eles sabem quando não sabem algo e buscam informações para resolver problemas, assim como primatas.

No experimento, os cães tinham que encontrar uma recompensa escondida atrás de cercas. Quando não sabiam onde o prêmio estava, olhavam mais vezes por uma lacuna para tentar descobrir a localização, demonstrando consciência da dúvida.

“Esse comportamento sugere que os cães não apenas reagem por instinto, mas também usam estratégias para resolver problemas, inclusive usando o olfato como aliada”, explica a pesquisadora Julia Belger.

O que tudo isso significa para os tutores?

Esses estudos reforçam a importância de entender o pet como um indivíduo em constante desenvolvimento. A personalidade do cão não é fixa e pode ser moldada pela rotina, pelo ambiente e, principalmente, pela forma como o tutor interage com ele.

A mensagem para os tutores é clara: sua forma de viver influencia diretamente o bem-estar emocional e físico do seu companheiro de quatro patas. Entender e respeitar a individualidade do animal, oferecendo estímulo, disciplina e afeto na medida certa, é o melhor caminho para uma convivência saudável e feliz.

Fonte: UFMG, adaptado pela equipe PetON

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