Veterinária explica as causas por trás da recusa alimentar e esclarece que, para cães e gatos, nem sempre se trata de “enjoo” da ração
Não é raro que tutores se preocupem ao perceber que o pet perdeu o interesse pela ração. A cena é comum: o comedouro continua cheio, o animal cheira o alimento, mas não come. A primeira ideia que surge é de que ele “enjoou” da ração, afinal, para nós, humanos, comer o mesmo prato todos os dias seria desanimador. Mas será que esse raciocínio vale também para cães e gatos?
De acordo com especialistas, a resposta é não: do ponto de vista biológico, cães e gatos não precisam trocar de ração frequentemente apenas para variar o sabor. Isso porque eles percebem o alimento de forma muito diferente da nossa.
Cães: guiados pelo cheiro, não pelo sabor
Estudos mostram que os cães possuem bem menos papilas gustativas do que os humanos. Por isso, o que mais influencia a aceitação da ração não é o sabor, mas sim o aroma, a textura e a forma como o alimento é apresentado.
“Enquanto os cães têm o olfato e a audição muito apurados em comparação aos seres humanos, o paladar é menos desenvolvido. Eles tendem a aceitar bem uma dieta constante, sem necessidade de trocas frequentes apenas para evitar um suposto ‘enjoo’”, explica a médica-veterinária Amanda Arsoli.
Gatos: mais seletivos e sensíveis a detalhes
Os felinos são conhecidos por serem mais exigentes. Mudanças aparentemente mínimas, no cheiro, no formato dos grãos ou na crocância, podem ser suficientes para fazê-los rejeitar a ração.
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“Os gatos, por serem mais exigentes quanto ao aroma e à textura, podem recusar o alimento quando há mudanças na formulação, no formato ou na crocância”, afirma Amanda.
Se não é enjoo, por que o pet para de comer?
Segundo a veterinária, a recusa alimentar deve acender um alerta. “A redução ou até a recusa da alimentação pode estar ligada a fatores como estresse, alguma doença, mudanças no ambiente ou na rotina, chegada de outro animal ao convívio ou ainda alterações na formulação do alimento. Diante de uma recusa persistente, é importante consultar o médico-veterinário de confiança”, orienta.
Isso significa que, antes de trocar a ração por conta própria, o tutor deve investigar o que realmente está acontecendo.
Motivos comuns que fazem o pet rejeitar a ração
Amanda Arsoli destaca algumas situações que podem levar à perda de interesse pelo alimento:
Armazenamento incorreto: quando a ração perde aroma ou textura. O ideal é mantê-la sempre na embalagem original, bem fechada e longe de calor, luz, umidade e produtos químicos.
Local inadequado do comedouro: ambientes muito quentes ou próximos ao local onde o pet faz suas necessidades podem afastá-lo da comida.
Ração exposta por muito tempo: o alimento perde características e pode atrair pragas.
Calor excessivo: em dias muito quentes, é normal que o pet coma menos; oferecer o alimento de manhã cedo ou ao final do dia ajuda.
Excesso de petiscos: podem tirar o apetite e fazer com que a ração seja rejeitada.
Atenção diária faz toda a diferença
Entender o comportamento alimentar do pet e monitorar o quanto ele ingere são ações essenciais para garantir saúde e bem-estar. Consultas periódicas ao veterinário ajudam a identificar problemas precocemente e evitar trocas desnecessárias de alimentação.



