Fim de ano perigoso para os pets: como evitar tragédias com fogos de artifício

A morte de Ozzy, cão do cantor Matheus Santaella, reacende o alerta sobre estresse, fugas e acidentes que se intensificam no fim de ano; especialista ensina como proteger seu pet

 

Com a chegada das festas de fim de ano, as luzes, a música e a alegria tomam conta das ruas, mas, para milhares de animais, esse também é o período mais perigoso do calendário. O barulho provocado pelos fogos de artifício causa pânico, desorientação e até mortes. E foi justamente essa realidade que ganhou repercussão nacional após a morte de Ozzy, o cão do cantor Matheus Santaella, vítima do estresse extremo causado pelas explosões.

No dia 29 de novembro, durante a final da Copa Libertadores entre Flamengo e Palmeiras, fogos de grande potência foram disparados de forma contínua na região onde o artista vive. Ozzy, de oito anos, entrou em pânico e sofreu um infarto fulminante. “Perdi meu melhor amigo por algo que poderia ter sido evitado”, declarou Santaella, emocionado. O caso comoveu fãs, especialistas e reacendeu um debate urgente: como proteger os animais durante eventos ruidosos?

Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), cães têm sensibilidade auditiva muito superior à humana e sons acima de 60 decibéis — o equivalente a uma conversa alta — já podem causar dor e desconforto. Quando o ruído ultrapassa 120 decibéis, comum em fogos potentes, o risco de danos físicos e emocionais dispara.

Para o especialista em comportamento canino Richardson Zago, fundador da Zago Adestramento, prevenir é essencial. “O susto faz o animal agir por impulso. Ele pode fugir, quebrar portas, se ferir no desespero. Um ambiente preparado reduz drasticamente esses riscos”, explica.

A seguir, Zago apresenta dez medidas fundamentais para garantir um fim de ano mais seguro para cães e gatos:

10 dicas para proteger seu cachorro dos fogos de artifício

1. Acolha o pet com proteção auditiva

Coloque algodão macio apenas na parte externa do ouvido para reduzir a pressão sonora. Não elimina o barulho, mas diminui o impacto.

2. Prepare um refúgio seguro

Casinhas, toquinhas, caixas de transporte e cantinhos fechados criam sensação de abrigo e proteção.

3. Reforce portões, janelas e varandas

Cães em pânico podem quebrar vidros, escalar muros e atravessar grades. Segurança física é prioridade.

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4. Atualize a identificação

Coleiras com plaquinha, número de telefone e identificação com QR Code facilitam o reencontro em caso de fuga.

5. Não deixe o animal sozinho

O tutor é a principal referência emocional. Sua presença transmite segurança e reduz o impacto do pânico.

6. Treine desde filhote

A dessensibilização ajuda o cão a compreender que o barulho não representa ameaça.

7. Mantenha a calma

A ansiedade do tutor intensifica a ansiedade do cão. Comportamento tranquilo = pet mais tranquilo.

8. Evite abraços apertados

Carinho excessivo pode reforçar a percepção de perigo. Prefira estar por perto e agir com naturalidade.

9. Utilize a técnica do pano

Envolver suavemente o tronco do cão com uma faixa cria leve pressão que ajuda a regular o sistema nervoso.

10. Associe sons a experiências positivas

Treinos com ruídos baixos enquanto o pet está relaxado e ocupado com algo prazeroso podem ajudar — mas nunca ofereça recompensas durante o pânico, pois isso reforça o comportamento de medo.

Uma dor que vira alerta

A morte de Ozzy não foi um caso isolado. Clínicas veterinárias registram, todos os anos, aumento de emergências durante Réveillon e outras datas comemorativas: desde ferimentos por fuga, crise de ansiedade aguda e até mortes.

“Por trás das comemorações existem animais que tremem, sofrem e, infelizmente, muitos perdem a vida”, afirma Zago. “É preciso compreensão, respeito e responsabilidade.”

Para Matheus Santaella, a melhor homenagem ao seu companheiro é transformar a dor em conscientização.

“Se a história do Ozzy puder salvar outros cães, já é um conforto. Ele merece isso”, diz o cantor.

Proteção começa com empatia

Fogos silenciosos já são utilizados em diversas cidades do Brasil e do mundo, demonstrando que é possível celebrar sem causar sofrimento. Enquanto a regulamentação não avança de forma uniforme, cabe aos tutores e à comunidade se informarem e adotarem práticas seguras.

Com preparação adequada, atenção e carinho, o fim de ano pode ser mais leve tanto para humanos quanto para seus animais. Afinal, eles também merecem passar as festas em paz.

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