Estudo registrou a presença de 706 espécies de borboletas na reserva; também foi descoberta a sazonalidade das borboletas e como elas variam ao longo dos meses
A Mata de Santa Genebra, em Campinas, acaba de ganhar mais um reconhecimento científico. Um artigo publicado por pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Sistemática de Borboletas (Labbor) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) na revista Diversity registrou a presença de 706 espécies de borboletas no local. O estudo também identificou a sazonalidade das espécies e como elas variam ao longo dos meses. A publicação foi divulgada no final do mês de agosto.
O trabalho é fruto do doutorado de Junia Carreira e reúne décadas de registros de campo conduzidos na Mata de Santa Genebra, desde os anos 1970, pelos doutores Keith Brown Jr. e André Freitas, orientadores da pesquisa.
Segundo Júnia, o levantamento inclui tanto as espécies residentes, vistas com frequência, quanto espécies ocasionais que surgem durante processos de dispersão.
“Além da lista, também trazemos informações sobre sazonalidade das borboletas e como elas variam ao longo dos meses, o que pode auxiliar em estratégias de conservação e orientar atividades de observação de borboletas ou outras iniciativas de ciência cidadã na Mata”, afirmou.
Registro de espécies comuns e raras
O professor André Freitas, do Instituto de Biologia da Unicamp, explicou que as amostragens semanais feitas por ele e por Keith Brown registravam apenas a presença ou ausência de cada espécie.
“Deste modo, 20 espécies estiveram presentes em todos os censos, como algumas estaladeiras (Hamadryas), a borboleta-pavão-escarlate (Anartia amathea), a alaranjada Dryas iulia, as amarelas grandes do gênero Phoebis e as branquinhas do gênero Eurema ou Heliopetes arsalte. Já entre as mais raras, que apareceram em apenas uma visita, destacamos o azulão Morpho menelaus, a asa-de-vidro Oleria aquata e a lindíssima Atlides polybe”, relatou.
Importância da biodiversidade de borboletas
Para a pesquisadora Júnia Carreira, a grande diversidade de borboletas encontrada na Mata de Santa Genebra é fundamental para o equilíbrio ecológico.
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“Elas ajudam no equilíbrio da mata em diferentes fases do ciclo de vida: como lagartas, controlam populações de plantas e servem de alimento para aves, aranhas e vespas; como adultas, atuam na polinização de várias espécies vegetais. Assim, a alta diversidade de borboletas também reflete uma grande diversidade de outros animais e plantas”, explicou.
Mata é referência em pesquisa e conservação
O presidente da Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), gestora da Mata de Santa Genebra, Rogério Menezes, destacou a importância da Mata de Santa Genebra na produção do conhecimento científico.
“Uma das missões institucionais da FJPO é apoiar o desenvolvimento de projetos de pesquisas na ARIE Mata de Santa Genebra. O conhecimento produzido é aplicado pela nossa equipe nas ações de conservação da Mata. Por isso é muito importante que ele esteja disponível para aqueles que trabalham com o tema no Brasil e no mundo”, afirmou Rogério.
O professor André Freitas também destacou a colaboração local. “A parceria com o biólogo Thomaz Barrella, responsável pelo Borboletário Santa Genebra, foi essencial. Pessoas como ele fazem os pesquisadores se sentirem bem-vindos e favorecem o desenvolvimento de trabalhos e atividades de ensino”, disse.
Borboletário Santa Genebra aproxima público da natureza
A Mata de Santa Genebra conta ainda com o Borboletário Santa Genebra, que possui 3.000 m² divididos em três espaços: a Casa de Criação, o Viveiro de Borboletas e Mudas e o Jardim. O local é referência em educação ambiental, promovendo a reaproximação das pessoas com a natureza por meio da beleza e da importância ecológica das borboletas.
Para conferir esse e outros trabalhos realizado pelo Laboratório de Ecologia e Sistemática de Borboletas da Unicamp acesse: https://labbor.ib.unicamp.br ou siga a página do laboratório nas redes sociais @labbor_unicamp