Até que ponto vale expor o pet por um vídeo viral? Veterinário analisa os riscos da brincadeira que dividiu opiniões
Um vídeo compartilhado nas redes sociais está dando o que falar, e rendendo likes. Nele, um tutor aparece rodando no próprio eixo enquanto segura o cachorro no colo. A cena, gravada com o celular na boca e editada em câmera lenta, mostra o cão com olhos bem abertos, orelhas ao vento e uma expressão que dividiu opiniões: seria medo, surpresa ou apenas o efeito da rotação?
Com mais de 60 mil curtidas e centenas de comentários — que vão de “Tadinho, olha a cara de medo do bichinho” até “Só não faço porque o meu pesa 40 kg kkk” — o vídeo rapidamente viralizou, gerando polêmica entre tutores e defensores do bem-estar animal.
A brincadeira lembra aquelas que alguns pais fazem com crianças pequenas — girando, jogando para cima — e que normalmente rendem boas risadas (ou broncas das mães). Mas será que esse tipo de interação é adequada para os pets?
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Para esclarecer a questão, o portal Pet ON conversou com um médico-veterinário, Christiano Yamasaki, que foi direto: “Sim, o cão pode sentir tontura, assim como o humano que está girando com ele. Se essa brincadeira for prolongada, o risco de acidente é considerável para ambos”, explica.
Embora o especialista não veja a prática como algo que configure maus-tratos em si, ele critica a intenção por trás do gesto: “É um vídeo feito claramente para ganhar curtidas. Não traz benefício nenhum, nem para o tutor nem para o cachorro. A cena em si pode até parecer fofa, mas está mais para autopromoção do que para carinho real.”
O veterinário também alerta para a humanização excessiva dos pets, especialmente em conteúdos como esse. “O que me incomoda mesmo é essa ideia de ‘pai de pet’ no sentido de tratar o animal como um bebê humano. Isso pode acabar levando a práticas que não respeitam os limites da espécie. Fazer vista grossa para esse tipo de coisa pode, sim, beirar o desrespeito.”
Em resumo, rodopiar com o pet no colo até pode não ser, isoladamente, algo grave. Mas o exagero e a repetição podem ser prejudiciais, tanto para os cães quanto para os tutores. E, principalmente, é preciso lembrar que, por mais parte da família que um animal de estimação seja, ele tem necessidades e sensibilidades diferentes das nossas.
Antes de embarcar em uma brincadeira que parece inofensiva (ou feita para bombar nas redes), vale sempre a pergunta: meu pet está confortável com isso?