Com 72% dos profissionais atuando de forma independente, veterinários buscam especializações, ampliam parcerias e se aproximam dos tutores nas redes sociais, impulsionando uma nova fase da medicina veterinária no Brasil
O setor pet brasileiro está passando por uma transformação silenciosa, mas profunda. De acordo com a nova edição do Radar Vet 2025, realizado pela Comissão de Animais de Companhia do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Comac/Sindan) em parceria com a consultoria H2R, 72% dos veterinários atuam hoje de forma autônoma, frente aos 26% registrados em 2021. O número revela um movimento claro de independência profissional, impulsionado pela crescente demanda por atendimento especializado, flexível e personalizado por parte dos tutores.
Com os pets sendo tratados cada vez mais como membros da família, o mercado exigiu uma nova postura dos profissionais. “A qualificação diferenciada tornou-se essencial. Estamos falando de profissionais que investem em especializações como dermatologia, anestesiologia, oftalmologia, nutrição e acupuntura, para atender às novas demandas dos tutores”, afirma Gabriela Mura, diretora de mercado e assuntos regulatórios do Sindan.
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A pesquisa revela ainda que 66% dos veterinários já possuem ou estão cursando pós-graduação, e que áreas como nutrição e terapias complementares vêm ganhando destaque. O ecossistema pet, antes restrito às clínicas tradicionais, agora abrange creches, fisioterapia, reabilitação, adestramento, nutrição personalizada e terapias alternativas. Em média, um veterinário encaminha cães para sete profissionais diferentes e gatos para cinco, evidenciando uma nova abordagem colaborativa no cuidado animal.
Outro dado relevante é a mudança no perfil de trabalho: apenas 14% dos profissionais possuem vínculo formal via CLT, enquanto os donos de clínicas representam 14% do total, queda significativa frente aos 33% registrados em 2021. Essa descentralização do atendimento amplia o alcance dos veterinários, que muitas vezes atuam em múltiplos locais ou atendem em domicílio.
A digitalização também tem papel central nesse novo cenário. As redes sociais tornaram-se ferramentas de trabalho fundamentais para os veterinários, seja para compartilhar conhecimento técnico, fidelizar clientes ou educar os tutores. “A presença digital fortalece a credibilidade e ajuda o profissional a se posicionar como referência de confiança em saúde e bem-estar animal”, complementa Mura.
Com esse novo perfil profissional, o mercado pet reforça a importância de políticas que incentivem a educação continuada e o acesso à especialização, especialmente em regiões como o Nordeste, onde apenas 56% dos veterinários cursam pós-graduação. Enquanto isso, o Norte e o Centro-Oeste despontam com maior concentração de profissionais jovens e conectados.
A pesquisa ouviu 805 médicos-veterinários e donos de estabelecimentos em todo o país, consolidando um retrato abrangente de um setor que movimenta mais de R$ 60 bilhões por ano e que está cada vez mais atento às mudanças de comportamento dos tutores.