Terapia com pets ganha força na rede pública de saúde

Estudos apontam benefícios para pacientes e profissionais; prática ainda é pouco comum na rede pública brasileira

 

A presença de animais de estimação em ambientes hospitalares pode trazer benefícios significativos para a saúde física e emocional de pacientes e profissionais da área. É o que apontam estudos recentes sobre terapias assistidas por animais, uma prática ainda pouco comum na rede pública brasileira, mas alinhada à Política Nacional de Humanização (PNH), que visa tornar os serviços de saúde mais acolhedores e inclusivos.

De acordo com a pós-doutoranda Renata Roma, do Centro de Estudos Comportamentais da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, e autora de artigo publicado na plataforma The Conversation Brasil, os pets podem atuar como aliados no tratamento médico, promovendo acolhimento e aliviando o estresse em ambientes normalmente associados à tensão.

Benefícios comprovados

Segundo a pesquisadora, há pelo menos três impactos positivos principais ao integrar animais ao ambiente de cuidados em saúde:

  • Aumento da adesão ao tratamento
    A presença de pets pode facilitar o acesso de populações vulneráveis a serviços médicos e psicológicos, como pessoas em situação de rua ou com transtornos mentais graves. Muitos evitam buscar ajuda por não poderem se separar dos animais, considerados membros da família.
  • Redução do estresse
    Estudos mostram que os animais ajudam a diminuir o estresse e a ansiedade de pacientes e reduzem o burnout entre profissionais da saúde. A presença dos pets humaniza o ambiente hospitalar e contribui para uma relação mais empática entre todos os envolvidos.
  • Melhora na comunicação
    Conversas sobre os animais dos pacientes facilitam o vínculo entre profissionais e usuários dos serviços de saúde. Isso gera maior confiança e melhora a qualidade do atendimento.

 

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Desafios e precauções

Apesar dos benefícios, a implementação de políticas pet-friendly enfrenta barreiras. A principal preocupação está na possibilidade de transmissão de doenças e em questões de higiene e segurança. No entanto, experiências como a do Juravinski Hospital, no Canadá, mostram que é possível reduzir os riscos por meio de protocolos bem definidos.

No Brasil, algumas cidades, como São Paulo, já regulamentaram a visita de animais a hospitais públicos. As normas incluem laudos veterinários, cuidados com higiene, delimitação de espaços e supervisão de profissionais.

Profissionais precisam estar preparados

Especialistas ressaltam a importância de preparar as equipes de saúde para lidar com os animais. Questões como alergias, fobias e comportamento dos pets precisam ser consideradas para que a iniciativa seja segura e eficaz. A construção dessas políticas deve envolver diretamente os profissionais da área, garantindo um ambiente harmonioso para todos.

Uma abordagem integrada

A proposta está alinhada ao conceito de “One Health” (Uma Só Saúde), que reconhece a interdependência entre a saúde humana, animal e ambiental. Para os especialistas, incluir pets nos protocolos de saúde não é apenas uma medida de conforto emocional, mas parte de uma visão mais ampla de cuidado integral.

Com o avanço das pesquisas e o engajamento de gestores e profissionais, o Brasil pode expandir essa abordagem, tornando os serviços de saúde mais empáticos, acessíveis e alinhados com as necessidades da população.

Fonte: The Conversation Brasil, adaptado pela equipe do PetON

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