Quatro cães são abandonados por minuto no Brasil

No Dia do Vira-Lata, uma homenagem ao símbolo nacional que resiste nas ruas, nos lares e nos corações

 

Estimativas apontam que, a cada minuto, quatro cães são abandonados no Brasil. Por trás desse dado assustador, está a dura realidade de milhões de animais que vivem nas ruas, abrigos e instituições de acolhimento em todo o país. No total, são mais de 30 milhões de animais em situação de abandono, sendo cerca de 20 milhões apenas de cães.

No dia 31 de julho, o Brasil celebra o Dia do Vira-Lata, uma data simbólica que homenageia justamente esses animais que, mesmo sendo os mais negligenciados, também são os mais presentes nos lares e nos afetos dos brasileiros. A ocasião chama atenção para a urgência do problema e convida à reflexão sobre adoção responsável, castração e políticas públicas efetivas de proteção animal.

Segundo dados do Instituto Pet Brasil, no comparativo disponível em uma janela de dois anos (entre 2018 e 2020), o número de animais em situação de vulnerabilidade saltou de 3,9 milhões para 8,8 milhões. Considerando que 96% desse total são cães, são mais de 4,7 milhões de cães abandonados em apenas dois anos. Isso equivale a uma média de 6.442 cães abandonados por dia — ou pelo menos quatro por minuto.

“Esses números são assustadores e nos colocam diante de um problema que vai além do bem-estar animal. Estamos falando de saúde pública, de responsabilidade social e de empatia”, alerta o médico-veterinário Francis Flosi, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária Qualittas.

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Além do sofrimento dos animais, o abandono expõe a população a riscos como zoonoses, acidentes e proliferação de doenças. Por isso, além da adoção, a castração tem papel fundamental na reversão desse cenário. “Animais castrados vivem mais e melhor. Previne-se tumores, infecções graves e comportamentos de risco. É um gesto de cuidado e amor”, afirma o veterinário.

Ao adotar um cão sem raça definida, o tutor assume a responsabilidade por uma vida. A rotina inclui alimentação, vacinação, acompanhamento veterinário e afeto diário. Em troca, recebe o que muitos descrevem como uma das formas mais puras de amor. “O vira-lata representa milhões de histórias que poderiam ter terminado na dor, mas encontram afeto, cuidado e dignidade graças à empatia de quem escolhe adotar”, destaca Flosi.

Mesmo quem não pode adotar pode contribuir de várias formas: divulgando campanhas, doando itens essenciais, ajudando financeiramente ONGs, atuando como voluntário ou conscientizando familiares e amigos.

O vira-lata, caramelo ou não, já foi até projetado no Cristo Redentor. Ele é símbolo da afetividade brasileira, da resiliência de quem sobrevive ao abandono e da transformação possível por meio da adoção. No Dia do Vira-Lata, a homenagem é para todos os que resistem e para todos os que acreditam que cuidar de um animal é também cuidar de um pedaço da sociedade.

“Defendemos que o valor de um animal está no cuidado que ele recebe e na troca afetiva com o tutor, não na raça. O vira-lata é símbolo disso tudo”, finaliza o veterinário.

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