Veterinária alerta sobre alimentos e petiscos que, embora comuns no dia a dia, podem provocar fraturas dentárias, inflamações e até doenças graves em cães
Quando o estudante Ricardo Faria, de Catanduva (SP), decidiu oferecer ossos defumados ao seu pitbull Thor, acreditava estar fazendo o melhor para o amigo de quatro patas. Pelo porte do animal e seu hábito de morder objetos, Ricardo via nesses petiscos uma forma de distração e reforço alimentar. Mas o que parecia uma boa escolha acabou se tornando um alerta.
Há cerca de três meses, Ricardo percebeu que o cachorro, antes empolgado com os petiscos, passou a mordê-los mais devagar. Ao observar melhor, notou dentes lascados. “Achei que ele tivesse mordido algo muito duro ou se machucado brincando. Só depois da consulta com o veterinário entendi que o petisco poderia ser o causador do problema”, conta. Desde então, ele trocou os ossos por alternativas mais seguras. “A gente acha que está fazendo o melhor, mas às vezes está prejudicando sem saber.”
Segundo a médica-veterinária Juliana Hirai, especialista em fisioterapia pet, alguns petiscos são verdadeiras armadilhas para os cães. “Ossos defumados, por exemplo, parecem seguros, mas ao serem mordidos, se quebram em lascas e pedaços pontiagudos que podem perfuração do estômago ou lesões intestinais”, explica.
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O problema, segundo ela, é o processo de aquecimento usado na defumação, que altera a estrutura molecular do colágeno, deixando o material mais quebradiço. “Esses pedaços duros e pontiagudos podem ferir a boca, causar dor e até levar o animal a uma cirurgia”, alerta.
Outros alimentos também entram na lista dos vilões, como salsichas e embutidos (presunto, calabresa). Eles têm altos teores de sódio, gordura e conservantes, que prejudicam o fígado e o sistema digestivo, podendo causar alergias, dermatites, otites e inflamações. “Sabe aquele cachorro que vive com problema de pele ou ouvido? Muitas vezes isso vem da alimentação errada”, afirma Juliana.
O pão francês também é um risco comum e subestimado. “Ele é rico em carboidrato, que vira açúcar no sangue, aumentando o risco de diabetes e pancreatite. Mesmo em pequenas quantidades, pode causar ganho de peso e sobrecarga no pâncreas.”
Para a veterinária, o segredo está em oferecer petiscos de qualidade, com composição balanceada e recomendação profissional. “Se o tutor ama o pet, precisa cuidar do que ele consome. Evite dar qualquer alimento humano ou petiscos de procedência duvidosa. Mesmo um pedacinho pode fazer mal”, reforça.
Atento à lição, Ricardo agora só compra produtos indicados pelo veterinário. “Depois do susto, aprendi que a gente precisa estar sempre atento. O que parece carinho pode virar problema. O Thor é parte da família, e família a gente cuida bem.”



