O controle da leptospirose no Brasil envolve uma abordagem integrada que combina diversas ações
A leptospirose, uma doença transmitida principalmente pela urina de roedores, continua sendo um problema significativo de saúde pública no Brasil, afetando milhares de pessoas todos os anos, especialmente em regiões com infraestrutura sanitária precária.
Em artigo publicado no site da Academia Paulista de Medicina Veterinária (Apamvet), o médico-veterinário Silvio Arruda Vasconcellos informa que, entre 2007 e 2023, o país registrou uma média anual de 3.400 casos confirmados, com a maioria ocorrendo nas regiões Sudeste e Sul, onde condições climáticas e socioeconômicas favorecem a disseminação da doença.
A doença, segundo o profissional, apresenta um padrão sazonal, com picos de incidência durante os meses de maior precipitação, de janeiro a março, conforme identificado em estudos realizados em São Paulo e outras regiões do Brasil. “O risco de contrair leptospirose é maior em trabalhadores de áreas ocupacionais específicas, como garis, agricultores e veterinários, bem como em pessoas expostas a enchentes e ambientes contaminados”, destaca Silvio no artigo.
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A leptospirose pode ser fatal, especialmente em casos graves onde há insuficiência hepática ou renal. “A taxa de letalidade varia entre 5% e 10%, tornando a doença uma preocupação constante para as autoridades de saúde. A patogenia da doença inclui a penetração da bactéria através de pele lesada ou mucosas, seguida de disseminação pelo organismo, o que leva a danos vasculares e, em casos graves, à morte”, consta no texto.
O diagnóstico da leptospirose é desafiador e pode ser realizado por meio de métodos laboratoriais que detectam a presença da bactéria ou de anticorpos. “Apesar dos avanços em técnicas moleculares como o PCR, que oferecem rapidez e sensibilidade, a identificação do sorovar específico ainda depende do isolamento do microrganismo e de testes sorológicos”, informa o veterinário.
Como evitar a doença?
O controle da leptospirose no Brasil envolve uma abordagem integrada que combina ações de saúde pública veterinária, como o controle de roedores, saneamento ambiental, imunização de animais domésticos e selvagens, e educação em saúde. Em São Paulo, o Centro de Controle de Zoonoses implementou um serviço de monitoramento que mapeia áreas de alta incidência e realiza ações preventivas antes dos períodos de maior risco, como desratização e campanhas educativas.
A história do combate à leptospirose no Estado de São Paulo, segundo Vasconcellos, é marcada pela contribuição de diversas instituições e pesquisadores que, ao longo das décadas, têm trabalhado para melhorar o diagnóstico, controle e tratamento da doença. Instituições como o Instituto Adolfo Lutz, o Instituto Biológico e a Universidade de São Paulo desempenharam papéis fundamentais no desenvolvimento de técnicas diagnósticas e na formação de profissionais capacitados para lidar com a leptospirose.
A pesquisa científica continua sendo um pilar essencial no combate à leptospirose, com avanços importantes, como a identificação de biofilmes que permitem a sobrevivência prolongada da bactéria no ambiente. “Esses estudos são cruciais para o desenvolvimento de novas estratégias de controle e para a compreensão da complexidade da leptospirose, uma doença que, apesar dos esforços de controle, permanece uma ameaça significativa à saúde pública no Brasil”, pondera o profissional.
A persistência da leptospirose e sua capacidade de causar surtos em várias regiões do país reforçam a necessidade de políticas públicas contínuas e integradas para combater a doença. A colaboração entre os setores de saúde humana e veterinária, dentro do conceito de “Saúde Única”, é essencial para mitigar os riscos e proteger a população contra esta zoonose.
Fonte: Cães e Gatos