Lar é onde eles estão: a família multiespécie em prática

A convivência entre humanos e pets vai além da amizade; é cuidado, pertencimento e afeto compartilhado

 

Falar de família sempre remete à afeto, pertencimento e cuidado. Mas, para a influencer Carol Mattar, a família vai muito além das fronteiras humanas, é também um espaço que acolhe patinhas e rabinhos abanando.

Na sua página no Instagram ‘Os Paulistinhas’, Carol compartilha a rotina com os dois fox paulistinhas que chama de filhos, Dingo e Cacau, refletindo uma visão que vem ganhando cada vez mais força: a da família multiespécie.

“Eu sempre digo que não são só meus mascotinhos, são meus filhos”, conta Carol. “A convivência diária me faz perceber que cada um tem personalidade própria, necessidades e sentimentos que merecem respeito. Eles fazem parte da minha vida em todos os momentos”.

Esse conceito parte do princípio de que os animais que convivem conosco não são apenas companheiros ocasionais, mas membros legítimos do núcleo familiar. Na prática, significa que eles têm direito a afeto, cuidado e presença e, em algumas situações, até proteção legal.

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O Brasil tem visto essa realidade crescer de forma consistente. De acordo com uma pesquisa da Consumoteca de 2022, 67% dos brasileiros já enxergam seus animais como filhos. Outro levantamento do Instituto Pet Brasil aponta que 25% dos lares com gatos e 21% dos lares com cães pertencem a casais sem filhos biológicos, mostrando que muitas famílias optam pelos pets como principal forma de companhia. Além disso, o número de animais de estimação no país cresceu 65% em apenas dez anos.

Recentemente, projetos de lei e decisões judiciais no Brasil começaram a reconhecer oficialmente essa ideia. Um exemplo é o Projeto de Lei 179/23, que regulamenta a família multiespécie como formada pelo núcleo familiar humano em convivência compartilhada com seus animais de estimação. A proposta prevê direitos inéditos, como a possibilidade de acesso à Justiça por parte dos pets, guarda compartilhada em casos de separação, pensão alimentícia e até a administração de patrimônio para garantir seu bem-estar.

“É incrível ver que, aos poucos, a sociedade começa a compreender que amor e responsabilidade não têm espécie”, diz Carol. “Cada gesto de cuidado é também uma forma de ensinar empatia, paciência e compromisso com a vida”.

Casos concretos já mostram essa mudança de paradigma. Em Minas Gerais, uma mulher recebeu direito a pensão alimentícia provisória para seu cachorro, que precisava de cuidados médicos contínuos, após a separação do casal. A decisão foi fundamentada no conceito de família multiespécie, reconhecendo o vínculo afetivo do animal como equivalente, em termos jurídicos, ao de um filho.

Para Carol, essa visão legal e social não é apenas um respaldo formal, é a confirmação de algo que ela já vive no cotidiano. Criar Dingo e Cacau não é apenas sobre passeios ou brincadeiras. É sobre presença, atenção às personalidades individuais, respeito aos limites e dedicação integral, exatamente como qualquer filho humano.

Carol é firme quando fala sobre a família multiespécie: “quando alguém me pergunta se trato eles como filhos, eu digo sem dúvida nenhuma: sim. E isso muda completamente a maneira como você olha para a vida e para os relacionamentos”.

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