Plataformas digitais como o AtendeVet ganham espaço no atendimento domiciliar, automatizando prontuários clínicos e aproximando ainda mais veterinários e tutores
O uso da inteligência artificial (IA) deixou de ser um recurso restrito à medicina humana e começa a transformar de forma concreta a rotina da veterinária no Brasil. Para profissionais que atuam em atendimento domiciliar, onde o tempo é curto e os desafios logísticos são grandes, a tecnologia tem se mostrado uma aliada poderosa.
Entre as soluções pioneiras está o AtendeVet, plataforma desenvolvida pela Bindflow, de Curitiba, criada a partir da experiência da médica-veterinária Luana Ballardin. A ferramenta automatiza o preenchimento de prontuários clínicos e já reúne mais de 190 veterinários ativos em 14 estados do país, impactando também mais de 20 mil tutores cadastrados.
Segundo Luana, a inteligência artificial permitiu que o foco do profissional se voltasse totalmente para o cuidado com os animais. “O foco do veterinário passou a ser 100% direcionado ao cuidado do pet, pois com o uso da inteligência artificial durante os atendimentos, toda conversa com o tutor — explicações, resultados de exames, exame físico e diagnósticos — são registrados de forma automática na ficha clínica, minimizando erros manuais que muitas vezes uma rotina corrida e cheia de imprevistos pode gerar. Isso traz não só segurança jurídica para o veterinário e o tutor, mas também atenção e cuidado direcionado à saúde do pet”, explica.
A adesão dos profissionais
No início, a adesão dos veterinários foi um desafio, já que a aplicação da IA ainda era novidade no setor. Hoje, no entanto, a procura pelo diferencial cresce de forma acelerada. “Tivemos bastante dificuldade de adesão no início, principalmente porque o lançamento da IA aconteceu ainda quando a inteligência artificial não estava na ‘moda’ na medicina ou na veterinária. Agora temos inclusive procura por esse diferencial, já que o veterinário entendeu que a IA tem a capacidade de entender as informações de forma precisa e organizar as informações em prontuário até melhor que ele mesmo (risos). Além disso, há uma economia absurda de tempo: em média, após cada consulta o veterinário levava em torno de 30 minutos para revisar e preencher o prontuário do pet. Hoje, com uso da inteligência artificial, a ficha clínica é preenchida em 5 a 10 minutos no máximo, mesmo quando a consulta leva mais de uma hora. Isso é demais!”, destaca Luana.
Funcionalidades que aproximam tutores e veterinários
Além da automação de registros, o AtendeVet trouxe inovações que mudaram a forma como tutores se relacionam com os profissionais. “Existem inúmeras funcionalidades, mas a que eu vejo que é uma nova forma de se relacionar com os tutores — e eles amam — são com certeza as receitas digitais com dispensação em farmácias humanas e o App do tutor. Fomos a primeira plataforma veterinária a lançar essa possibilidade e, recentemente, com a nova legislação do Paraná, atualizamos para incluir receitas controladas, com apoio de farmacêuticos. Isso torna o processo simples para todos. Então, não importa se o pet precisa de antibiótico ou de um medicamento para controle de convulsões, com a receita do AtendeVet ele pode comprar em qualquer farmácia humana ou veterinária. Isso traz muito mais agilidade no dia a dia”, explica.
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O aplicativo também ganhou protagonismo no dia a dia dos tutores. “O app do tutor é simplesmente o queridinho. Com ele, os tutores podem acessar informações completas de seus pets, como peso, vacinações, receitas, exames e até vídeos e fotos liberados pelo veterinário responsável. Não existe mais o risco de perder a papelada ou a carteira de saúde do pet ao se mudar de casa. Está tudo online, na palma da mão!”, reforça Luana.
O impacto no setor
O avanço da IA no atendimento veterinário se insere em um mercado que não para de crescer. De acordo com a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), o setor pet movimentou R$ 75,4 bilhões em 2024, dos quais R$ 7,7 bilhões foram destinados a serviços veterinários. Esse crescimento reflete a valorização do cuidado com os animais e o interesse em soluções digitais e acessíveis.
Para Luana, esse é apenas o começo. “A inteligência artificial não substitui o veterinário, mas amplia sua capacidade de oferecer cuidado de qualidade. E no atendimento domiciliar, onde cada detalhe importa, isso faz toda a diferença.”