Animal exótico chama atenção por comportamento
mais agressivo que felinos domésticos comuns
O interesse pelo gato da raça savannah cresceu na internet após o cantor de trap Oruam exibir nas redes sociais seu animal de estimação avaliado em R$ 120 mil. As buscas pelo felino atingiram o pico quando o músico publicou um vídeo mostrando arranhões no rosto causados por Malandrex, nome do bichano.
Os dados são do Google Trends e compreendem os últimos cinco anos. O nome do rapper está entre os principais assuntos relacionados a raça na plataforma.
Um gato de pelagem curta e manchada, com orelhas grandes e olhos verdes, está sentado em um arranhador felino coberto de tecido felpudo. O fundo da imagem mostra uma parede de pedra.
O savannah é um animal híbrido, nascido do cruzamento de um gato doméstico com um serval, um felino selvagem natural das planícies africanas. Desse cruzamento nasce um savannah F1, que significa fundação ou primeira geração.
“À medida que os filhos, netos e bisnetos vão sendo cruzados, a geração vai aumentando até F5. Quanto mais puro e próximo do gato selvagem, mais características selvagens esse animal vai possuir,” explica o médico veterinário de animais silvestres e exóticos André Grespan.
Nas redes sociais, Oruam mostra as interações com Malandrex, que é um F1, e chama a atenção pela forma como o gato aparenta ser mais agressivo do que um gato doméstico. O próprio cantor brinca com isso. No vídeo mais viral, com 6,5 milhões de curtidas no Instagram, ele escreve: “meu gatinho manso”, mas na gravação o gato arranha seu rosto.
A namorada do rapper, a influenciadora Fernanda Valença, também compartilha nas redes suas interações com Malandrex. No Dia dos Namorados, ele a presenteou com um filhote de savannah.
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“É um bicho que responde de maneira um pouco mais agressiva do que um gato doméstico responderia. Não é que eles sejam agressivos, mas têm um instinto de sobrevivência e uma parte selvagem muito mais forte”, diz Grespan.
Isso não impede que ele seja um gato criado dentro de casa. “Não é que ele venha selvagem ou atacando. Ele reconhece o seu dono e o respeita, além de ser mais reservado que os gatos domésticos”, diz Luciana Pithon, médica veterinária especializada em felinos.
A médica afirma que eles são muito ativos, curiosos, gostam de explorar e interagem muito com os donos.
O savannah F1 difere de um gato comum em algumas características, como o tamanho e a alimentação, que é baseada em carne. “Quanto mais ele se assemelha ao gato selvagem, maior ele fica”, afirma Grespan, que diz que essa raça pode chegar a 70 cm de altura e pesar de seis a dez quilos.
Por conta da dificuldade de reproduzir savannah da primeira geração, o preço pode chegar a R$ 120 mil, mas diminui conforme se distancia do primeiro cruzamento. As gerações posteriores podem variar entre R$ 6.000 a R$ 30 mil. Os valores são confirmado por Anna Julia, proprietária da Reserva Lucky Stone, localizada em Valinhos, no interior de São Paulo.
Ela diz que o gatil é o único no Brasil que cria e comercializa essa raça. “Nós não fomos os primeiros. Existiam outros dois criadores de gatos savannah aqui no Brasil. Um deles fechou recentemente. O rapaz que trouxe a primeira fêmea da nossa raça teve um problema de saúde e se mudou para os Estados Unidos. Acabou que ficamos só nós”, afirma.
O local começou como um hobby de Anna e sua avó. No início, elas tentaram criar a raça maine coon, mas os machos morreram e elas decidiram seguir por outro caminho.
Sua avó, que é artista plástica, trocou telas de arte pelo seu primeiro savannah F1 durante uma passagem por João Pessoa (PB). Apelidado de Léo, hoje ele tem 12 anos e foi o animal que deu origem à criação dessa raça no gatil.
Inclusive, o savannah do Oruam foi vendido pela reserva. Anna diz que nos vídeos que o rapper compartilha do Malandrex, ele está demonstrando o quanto gosta de brincar de dar susto ou de dar tapa, mas não é agressão.
“É um gato que não se importa de ser acariciado. Não gosta de ficar sem a companhia humana. Muitas pessoas pensam que eles não têm muito vínculo, mas é justamente o contrário. Eles amam humanos e conseguem criar conexões muito fortes com a família e com as pessoas que os criam”, diz Anna.