Sucesso nas telonas, o longa traz Krypto, o supercão que inspirou aumento nas buscas por adoção e reforça o poder do cinema em pautar causas sociais como a proteção animal
Eles já roubaram a cena, salvaram os protagonistas, arrancaram lágrimas e sorrisos, e até foram os personagens principais. Os animais no cinema sempre ocuparam um lugar especial, com histórias marcantes que ultrapassam a ficção. Afinal, mesmo em universos imaginários, cães e gatos continuam sendo parte do cotidiano, e do coração, de muita gente. Agora, quem brilha nas telonas é Krypto, o supercão do novo Superman, dirigido por James Gunn, que além de entreter, está inspirando uma verdadeira onda de interesse por adoção de cães na vida real.
De acordo com o aplicativo de adestramento Woofz, as buscas no Google por “adotar um cachorro perto de mim” cresceram 513% após o fim de semana de estreia do filme. Já a busca por “adoção de cachorro resgatado perto de mim” aumentou 163%, e os termos “adotar um filhote” e “adotar um schnauzer” também registraram crescimento expressivo.
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Tudo isso por conta da comoção gerada pelo carismático Krypto, um cão digitalmente criado, mas inspirado em Ozu, o cachorro que James Gunn adotou enquanto escrevia o roteiro. O diretor chegou a comentar que teve dificuldades em adestrar o animal e imaginou como seria a situação se ele tivesse superpoderes. A brincadeira virou ponto de partida para dar vida ao personagem no cinema.
No filme, Krypto é atrapalhado, fiel e, apesar de não ser exatamente obediente, tem papel decisivo. Sua presença afetuosa e heroica conquistou o público e, de forma sutil, abriu espaço para uma discussão mais profunda, o incentivo à adoção responsável.
Para o crítico de cinema e séries Tiago Di Tullio Freitas, responsável pelo portal Filmes com Batata, esse impacto não é por acaso. “O cinema, embora a sétima arte, é primeira em abrangência popular mundial, conseguindo, muitas vezes, ir além do entreter, traduz emoções, ideias e conflitos de forma acessível e impactante”, explica. “E, quando bem-feito, transforma até a forma como enxergamos o mundo, uma agenda necessária enquanto sustentabilidade e defesa dos animais, por exemplo, dois temas em voga e de enorme necessidade de debate.”
Ele destaca ainda que, ao trazer Krypto para o universo cinematográfico da DC, James Gunn encontrou uma forma leve e eficiente de abordar a causa animal. “Neste caso, o novo Superman, ao trazer o cãozinho Krypto pela primeira vez ao universo DC no cinema, já era personagem constante em HQs, abraçou, sutil, mas intensamente, a causa animal como apelo social. Ponto para a produção”, afirma.
A ação se estendeu além da ficção. A Warner Bros. fez uma parceria com a Best Friends Animal Society e cobriu taxas de adoção entre os dias 1º e 10 de julho, em campanha alinhada ao lançamento do filme. O resultado, centenas de pets adotados apenas nesse período nos Estados Unidos.
Embora os números animem, especialistas reforçam que adoção é um compromisso de longo prazo. A CEO do Woofz, Natalia Shahmetova, lembra, “O hype vai passar, mas seu cão vai ficar, então certifique-se de estar pronto para oferecer o tempo, cuidado e treinamento que ele precisa e merece.”
Krypto, com seu jeitão desengonçado e coração gigante, prova que até um personagem fictício pode gerar impacto real. Que essa onda continue e que o cinema siga mostrando, com afeto e propósito, como histórias podem mudar vidas, humanas e caninas.