Modelos inadequados, inclusive peitorais, podem machucar pescoço, axilas e articulações dos pets. Veterinária orienta como escolher corretamente
Quando a enfermeira Gabriela Santos, de Araraquara (SP), adotou o pastor alemão Rambo, ainda filhote, queria que ele tivesse “estilo” nos passeios. “Como era meu primeiro cão, escolhi a coleira mais bonita, aquela de pescoço. Achava elegante e achava que combinava com o porte dele”, relembra. Rambo sempre foi ativo e adorava sair para caminhar, até que, com o tempo, começou a resistir. “Eu pegava a coleira e ele se escondia. Estranhei, fui olhar e vi a pele toda vermelha na região do pescoço. Na hora parei de usar.”
A solução, a princípio, pareceu simples: Gabriela comprou uma peitoral tradicional. “Achei que estava fazendo o certo. Mas depois de alguns dias, percebi que as axilas estavam machucadas e ele caminhava diferente, meio desconfortável.” Foi então que decidiu procurar ajuda profissional. Com a orientação de uma veterinária especialista em fisioterapia animal, substituiu a coleira por um modelo anatômico. “Hoje está tudo bem. Ele voltou a se empolgar com os passeios. É outro cão!”, comemora.
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Riscos das coleiras tradicionais e de alguns modelos peitorais
Segundo a médica-veterinária e especialista em fisioterapia veterinária Juliana Hirai, o caso de Rambo não é isolado. “Muita gente ainda usa os enforcadores, aquelas coleiras que tracionam diretamente o pescoço do cão. Elas podem causar lesões sérias na região cervical, principalmente em animais que puxam muito”, alerta.
Juliana explica que, apesar de os peitorais serem mais indicados para passeios, por não forçarem estruturas delicadas como o pescoço, nem todos os modelos são seguros. “Existem peitorais que não têm desenho anatômico. Eles limitam a movimentação dos ombros e podem causar machucados nas axilas. Isso pode, a longo prazo, gerar problemas articulares.”
Três modelos que exigem atenção redobrada
Juliana destaca três tipos de peitorais que não recomenda para cães, especialmente aqueles com predisposição ou histórico de problemas articulares:
1. Peitoral tradicional em “H” não anatômico
“É muito comum ver cães usando esse modelo na rua. Ele limita o movimento dos ombros e pode machucar as axilas.”
2. Modelo antipuxão
“Apesar de popular, ele também restringe a movimentação natural do ombro, alterando a passada do cão e podendo prejudicar a articulação a longo prazo.”
3. Modelos genéricos sem estrutura anatômica
“Assim como os anteriores, esses modelos comprometem a movimentação dos membros anteriores, sobrecarregando articulações importantes.”
O que procurar em uma boa coleira
Para Juliana, o peitoral ideal é aquele que não força o pescoço, não limita os movimentos dos membros anteriores e evita atrito nas axilas. “Um bom ajuste e o desenho correto fazem toda a diferença para o conforto e saúde do animal. A coleira deve permitir que o cão caminhe naturalmente, sem compensações posturais.”
A especialista reforça que a escolha do modelo correto pode prevenir lesões, dores crônicas e até problemas de comportamento. “Um cão que sente dor ao usar a coleira pode começar a se recusar a passear, como aconteceu com o Rambo. Quando corrigimos o equipamento, o passeio volta a ser prazeroso.”
Antes de escolher uma coleira apenas pela aparência, é importante consultar um profissional veterinário, especialmente fisiatras ou ortopedistas, para entender qual modelo se adapta melhor ao porte, biotipo e necessidades individuais do animal.
“Um passeio confortável é também um passeio seguro e saudável. A coleira certa faz toda a diferença”, conclui Juliana.