Campinas registra aumento de ocorrências; especialista destaca importância da socialização e do manejo adequado para reduzir riscos
Nos últimos meses, a região de Campinas vem registrando um aumento preocupante nos casos de ataques de cães, especialmente envolvendo pit bulls. As ocorrências atingem tutores, vizinhos e até profissionais veterinários, levantando debates entre especialistas e a comunidade.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os números mostram crescimento contínuo: foram 2.789 registros em 2022, 3.009 em 2023, 3.336 em 2024 e já 1.869 até 28 de julho de 2025. Isso significa que, em 2024, a média ultrapassou 10 ataques por dia, tendência que se mantém neste ano.
Casos recentes de grande repercussão
• 26 de maio de 2025 (Campinas – Vila Industrial): um homem de 50 anos morreu após ser atacado por seu próprio animal dentro de casa. Mesmo com tentativas de reanimação, ele não resistiu. O cachorro foi abatido.
• 21 de junho de 2025 (Hortolândia – Viva Residencial): um pit bull solto atacou três crianças de 3, 7 e 8 anos. Duas tiveram ferimentos leves e uma precisou ser hospitalizada com lesões mais graves na perna. O tutor foi preso por omissão de cautela.
• 30 de agosto de 2024 (Campinas – Jardim Nova Morada): dois pit bulls atacaram uma mãe de 43 anos e sua filha de 3 anos dentro da residência. Ambas foram hospitalizadas e os cães abatidos pela Polícia Militar.
Casos como esses mostram que os ataques podem acontecer tanto em casa quanto em espaços públicos, envolvendo animais conhecidos ou soltos. Por isso, compreender o comportamento canino e adotar medidas preventivas é fundamental.
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Como identificar os sinais de risco
A veterinária e especialista em comportamento animal Vivian Quito explica que os ataques dificilmente acontecem sem aviso. “Os cães dão sinais claros quando estão estressados, ansiosos ou sentindo dor”, afirma. Entre os comportamentos de alerta estão:
• postura rígida;
• rosnados;
• exposição dos dentes;
• orelhas para trás;
• latidos excessivos;
• olhar fixo e intenso.
Ignorar esses sinais aumenta muito as chances de uma reação agressiva.
Fatores que desencadeiam agressividade
Segundo Vivian, a agressividade costuma estar ligada à defesa do animal e pode ser causada por:
• medo;
• dor física;
• comportamento territorial;
• falta de socialização desde filhote;
• mudanças bruscas no ambiente.
Tentar controlar o cão com punições físicas, além de ineficaz, pode agravar ainda mais a situação.
Prevenção: o papel do tutor
Para reduzir riscos, a especialista recomenda que os tutores invistam em:
• compreensão do comportamento animal, observando sinais de desconforto;
• socialização desde filhote (até os seis meses, comparável à infância humana);
• exposição gradual a diferentes pessoas, ambientes e estímulos;
• atendimentos veterinários com manejo cuidadoso e menos estressante;
• rotina equilibrada, incluindo exercícios físicos, estímulos mentais, alimentação saudável e descanso.
“A agressividade muitas vezes reflete um animal que não está bem, física ou emocionalmente. Investir em qualidade de vida é investir em segurança para todos”, conclui Vivian Quito.