Descidas frequentes do sofá podem comprometer articulações dos cães

Veterinária alerta para o impacto nas patas e coluna dos pets e reforça que pequenas adaptações no ambiente fazem toda a diferença para a qualidade de vida dos animais

 

Imagine a situação: Bob é um cachorro da raça Shih-tzu que tem sete anos. Desde filhote, tem total liberdade para subir e descer do sofá da casa onde mora. Os tutores, atentos e carinhosos, até reservaram um espaço especial no móvel da sala para ser “o cantinho do Bob”. Com o passar do tempo, notaram que ele já não subia com tanta facilidade. Preferia ficar no chão ou, quando queria subir, abanava o rabo e olhava para alguém pedindo ajuda. A princípio, acharam que era apenas a idade. Após uma avaliação mais minuciosa, veio a surpresa: as articulações estavam desgastadas, provavelmente por conta do impacto repetido das descidas ao longo dos anos.

Segundo a médica-veterinária Juliana Hirai, especialista em fisioterapia para pets, esse é um problema mais comum do que se imagina. “Pulando do sofá ou da cama, os cães geram um impacto muito grande nas articulações e na coluna. De forma repetitiva, isso favorece o surgimento de problemas sérios, como hérnias de disco, que podem até deixar o animal paraplégico”, explica. Ela alerta que esses traumas não são exclusivos de cães idosos ou com histórico de lesões. Mesmo cães jovens e saudáveis podem sofrer danos com o passar do tempo, principalmente quando pulam de locais altos com frequência.

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A boa notícia é que esse risco pode ser reduzido com medidas simples. A recomendação principal é instalar rampas ou escadas específicas ao lado de sofás e camas, facilitando o acesso dos pets sem exigir esforço excessivo ou saltos arriscados. Para aqueles cães que não se adaptam facilmente a essas estruturas, puffs ou almofadas posicionadas estrategicamente no chão podem servir como amortecedores, diminuindo o impacto direto com o solo.

Assim como a população humana está envelhecendo e demandando mais cuidados e adaptações, o mesmo ocorre com os animais de estimação. O avanço da medicina veterinária e a maior conscientização dos tutores vêm contribuindo para o aumento da expectativa de vida dos pets. Mas esse envelhecimento também exige uma nova forma de olhar para o ambiente doméstico. “Se uma casa precisa ser adaptada para o convívio com crianças ou idosos, por que não com os pets? Eles fazem parte da família e precisam de cuidados que respeitem sua fase de vida”, afirma Juliana.

Cães idosos ou com predisposição genética a problemas ortopédicos devem receber atenção especial, mas a prevenção deve começar cedo. Adotar boas práticas desde os primeiros anos do pet pode evitar tratamentos futuros mais complexos e dolorosos. Pequenos gestos de cuidado no dia a dia, como a escolha do local onde o animal dorme, o tipo de piso da casa e o acesso a móveis, podem fazer uma grande diferença.

No caso do Bob, o diagnóstico veio em boa hora. Com acompanhamento veterinário e a adoção de medidas para reduzir o impacto das descidas, ele voltou a subir, com ajuda, no seu cantinho favorito da sala. E seus tutores aprenderam, na prática, que prevenir ainda é o melhor remédio.

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