De romeira a mascote: cadelinha acompanha dentista por 150 km e é adotada ao final da caminhada

Em sua primeira romaria até Trindade (GO), a dentista Giovanna Mourão ganhou uma companheira inesperada: uma vira-latinha determinada que a seguiu pela estrada até conquistar um novo lar

 

Era madrugada do dia 26 de junho quando a dentista Giovanna Mourão Siqueira, de 27 anos, viveu uma surpresa inesquecível em sua primeira romaria até Trindade, em Goiás. Ao passar pela cidade de Acreúna com o grupo de romeiros que saiu de Quirinópolis, no sudoeste goiano, uma cadelinha sem raça definida surgiu no meio da estrada e começou a seguir a caminhada.

A princípio, Giovanna ficou preocupada. Estava escuro, havia tráfego intenso de veículos e caminhões pesados, e a cachorrinha corria o risco de ser atropelada. Tentaram afugentá-la para protegê-la, mas ela insistia em continuar, sempre muito próxima da dentista.

“Ela era muito esperta. Depois de um tempo de caminhada, quando ouvia um carro se aproximando, corria sozinha para o acostamento. Mesmo assim, eu ficava com medo, queria garantir que ela estivesse segura”, conta.

Laço de fé

Sensibilizada, Giovanna permitiu que a cadelinha a acompanhasse. Com o tempo, o grupo de romeiros foi se afeiçoando ao animal, que ganhou um nome carinhoso: Chica Romeira — uma junção do prato típico Chica Doida, famoso em Quirinópolis, com o espírito da romaria. E também porque, segundo o grupo, a cachorrinha era “bem maluca”. Durante o trajeto, os romeiros brincavam dizendo que a nova companheira também estava pagando uma promessa.

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Desde o começo, Romeira demonstrava um afeto especial por Giovanna. Quando era colocada no carro de apoio para descansar, chorava até poder caminhar novamente ao seu lado.

“Ela fazia questão de andar comigo. Caminhava uma boa parte do percurso — às vezes, 20 quilômetros por dia — depois ia no carro para não machucar as patinhas com o asfalto quente”, lembra a dentista.

Em um dos trechos, uma veterinária amiga que estava indo para Goiânia encontrou o grupo na estrada e examinou a cadela. Apesar de uma leve mancada em alguns momentos, o ferimento não era recente, e ela estava saudável. Romeira ganhou coleira, comida e todos os cuidados durante a jornada.

Companhia até o fim

Ao chegarem a Carlândia, os romeiros dormiram em uma igreja. Romeira não quis sair de perto de Giovanna nem por um instante — dormiu ao seu lado e seguiu com ela até o último trecho da caminhada. Na chegada a Trindade, cidade conhecida como a Capital da Fé, Romeira ainda passeou pelas ruas e pela igreja com sua nova tutora. A adoção já estava selada.

Giovanna voltou para casa com Romeira, agora oficialmente parte da família.

“Ela veio comigo, claro. Já tenho um dálmata de 15 anos, também adotado, e uma gata chamada Sky, que ainda está se adaptando. Mas vamos construindo essa nova rotina com carinho”, conta.

A cadelinha, de aproximadamente um ano, está saudável, bem alimentada e segura no novo lar, em Quirinópolis.

Adoção que inspira

Mesmo sem saber se a cadela foi abandonada ou se vivia nas ruas, Giovanna não teve dúvidas ao tomar a decisão.

“Ela foi atrás da gente com tanta confiança, parecia saber que estava encontrando seu lugar. Foi uma conexão muito bonita — dessas que a gente sente na alma”, diz.

Histórias como a de Romeira mostram a força da adoção, do vínculo espontâneo e da empatia. No mês em que se comemora o Dia do Vira-Lata, celebrado em 31 de julho, a trajetória dessa pequena viajante é um lembrete do amor incondicional que os animais de rua têm para oferecer — basta alguém estender a mão (ou o coração).

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