Animais que cuidam da gente: entenda as diferenças entre cães de serviço, suporte emocional e terapia

Especialista do CEUB explica as funções e cuidados necessários com animais que atuam no bem-estar e na assistência de humanos

 

Eles não falam, mas sentem. Percebem o cheiro da ansiedade, reconhecem o silêncio da tristeza e sabem exatamente onde se aninhar quando o coração aperta. Muito mais do que companhia, animais podem desempenhar um papel essencial na saúde mental e física de seus tutores — seja com apoio emocional, auxílio prático no dia a dia ou atuação em terapias monitoradas.

Mas você sabe a diferença entre um cão de serviço, um animal de suporte emocional e um pet de terapia? A professora Fabiana Volkweis, do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), explica como essas categorias se diferenciam e, por que é importante conhecê-las para garantir os direitos dos tutores, o bem-estar dos animais e o respeito aos espaços públicos.

Cães de serviço: profissionais em atividade

Os cães-guia são o exemplo mais conhecido de animal de serviço, mas a atuação desse grupo é mais ampla. “Além de auxiliar pessoas com deficiência visual, há cães treinados para ajudar na audição, mobilidade, reconhecimento de crises convulsivas ou de queda de glicemia. Também há os que atuam com bombeiros e policiais”, destaca Fabiana.

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Esses animais são considerados profissionais em serviço e, por isso, têm acesso garantido a locais públicos e privados, como escolas, hospitais, aviões e restaurantes. “Eles passam por um treinamento rigoroso e são amparados por leis específicas. Realizam funções muito específicas e essenciais à autonomia de seus tutores”, explica a professora.

Suporte emocional: vínculo que conforta

Diferente dos cães de serviço, os animais de suporte emocional (ASEs) não precisam de treinamento técnico. O mais importante, nesse caso, é o vínculo afetivo. Eles ajudam a aliviar os sintomas de quem convive com ansiedade, depressão, luto ou outros transtornos emocionais.

“Cães, gatos, coelhos e até tartarugas podem exercer esse papel. O fundamental é que ofereçam conforto, segurança e acolhimento aos seus tutores”, explica Fabiana.

Embora o número de ASEs esteja crescendo, o Brasil ainda não possui uma legislação consolidada sobre o tema. Algumas companhias aéreas, por exemplo, permitem o embarque desses animais mediante apresentação de laudo médico e atestado veterinário atualizado. Mas a aceitação não é uma regra geral. “Sempre é importante checar as exigências com a empresa ou instituição com antecedência”, orienta.

Animais de terapia: afeto que cura

Já os animais de terapia atuam de forma programada, sempre com a presença de profissionais da saúde. Eles participam de sessões em hospitais, escolas, casas de repouso e centros de reabilitação, promovendo bem-estar por meio da interação.

“Esses pets não recebem o mesmo tipo de treinamento dos cães de serviço, mas passam por uma seleção de comportamento. Precisam ser sociáveis, gostar de contato com pessoas e se adaptar a diferentes ambientes. Eles ajudam na socialização, na autoestima e até nos processos de cura”, diz a especialista.

Bem-estar animal em primeiro lugar

Em maio de 2025, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reforçou que animais de suporte emocional não têm os mesmos direitos legais que os cães-guia,especialmente no transporte aéreo. A medida acendeu um alerta: é urgente regulamentar esse tipo de atuação para proteger não apenas os tutores, mas também os animais.

“Todo animal, independentemente de sua função, precisa de uma rotina saudável, com alimentação balanceada, vacinas em dia, momentos de descanso e, principalmente, respeito aos seus limites”, reforça Fabiana.

A sobrecarga é uma preocupação real. “Animais que atuam em apoio emocional ou terapias também sentem cansaço e estresse, principalmente quando expostos a ambientes agitados ou interações constantes. Cabe a nós observar esses sinais e garantir que eles estejam bem cuidados”, finaliza.

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