Veterinária explica como o procedimento traz benefícios físicos e comportamentais aos gatos, e o que os tutores devem saber antes e depois da cirurgia
Castração é mais do que um método de controle populacional. É também um ato de carinho, que pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos gatos. Quando feita no momento certo e com os cuidados necessários, a cirurgia contribui para a saúde física e emocional dos felinos.
A médica-veterinária Eliane Benati, especialista em cirurgia de pequenos animais no Hospital Veterinário Taquaral (@hvtcampinass), em Campinas (SP), esclarece as principais dúvidas sobre o procedimento e destaca os cuidados pré e pós-operatórios essenciais.
Quando castrar?
A castração pode ser feita a partir dos 3 a 4 meses de idade, desde que o animal esteja saudável e com a vacinação em dia. Em machos, a cirurgia chama-se orquiectomia (remoção dos testículos). Já nas fêmeas, pode ser uma ovariectomia (remoção dos ovários) ou uma ovariohisterectomia (remoção dos ovários e do útero).
No entanto, a especialista alerta: “A castração muito precoce, conhecida como pediátrica, não é recomendada, pois pode representar riscos à saúde do animal.”
Benefícios para machos e fêmeas
Entre os principais ganhos para as fêmeas estão a prevenção de gestações indesejadas, o fim do cio e a redução de comportamentos como miados excessivos e agitação. O procedimento também ajuda a prevenir doenças graves, como cistos ovarianos, infecção no útero e câncer de mama — este último com chances significativamente reduzidas se a cirurgia for feita antes dos 6 meses.
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Nos machos, a castração contribui para diminuir a marcação com urina, o comportamento agressivo e a vontade de sair em busca de fêmeas, o que reduz riscos como atropelamentos e brigas com outros gatos.
Atenção aos cuidados
Apesar dos muitos benefícios, o procedimento pode alterar o metabolismo do gato. “Após a castração, o apetite aumenta e a taxa metabólica cai, o que pode favorecer o ganho de peso”, explica Eliane. Em machos, o sobrepeso pode aumentar o risco de obstrução uretral.
Outros efeitos adversos, como alterações urinárias e tumores do trato urinário inferior, ainda estão em estudo e não têm relação totalmente comprovada. Mas, segundo a especialista, é possível prevenir complicações com uma alimentação equilibrada, estímulos à atividade física e acompanhamento veterinário regular.
Preparação e pós-operatório
A castração é segura, mas exige avaliação prévia. “O ideal é que o animal passe por uma consulta com exames clínicos e laboratoriais, como hemograma e função renal. Em alguns casos, também recomendamos ecocardiograma”, diz a veterinária.
Após a cirurgia, é essencial que o gato fique em um ambiente tranquilo, sem estímulos para pular ou correr. O uso de colar elizabetano ou roupinha cirúrgica evita que ele lamba os pontos e atrapalhe a cicatrização.
É importante observar o comportamento nos dias seguintes. Apatia, perda de apetite ou sinais de cio após a cirurgia — especialmente em fêmeas — podem indicar complicações como a síndrome do ovário remanescente. “Ao notar qualquer sinal diferente, o tutor deve procurar o veterinário imediatamente”, alerta Eliane.
Mudanças no comportamento
As alterações comportamentais geralmente são positivas. Em poucos dias, a queda dos hormônios sexuais já começa a fazer efeito, deixando os felinos mais calmos e menos territorialistas. A tendência à fuga também diminui.
“Essas mudanças acontecem gradualmente e contribuem para uma convivência mais tranquila entre os gatos e seus tutores e com outros pets da casa”, afirma a veterinária.