Condição pode levar à cegueira e acarretar outros problemas oculares
Cerca de 55 milhões de cães vivem em lares brasileiros, de acordo com a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), uma população que teve sua expectativa de vida aumentada nas últimas décadas, graças aos avanços da medicina veterinária. Assim como para os humanos, viver mais também traz para os cãezinhos desafios inerentes ao processo natural e progressivo do envelhecimento, surgindo doenças como a catarata, que exige atenção e conscientização dos tutores.
“A catarata consiste na perda de transparência do cristalino, que, por impedir a passagem da luz, afeta significativamente a visão, e quando não tratada pode evoluir para a cegueira total. A forma mais frequente de catarata na medicina veterinária é a primária juvenil, que acomete cães de até 6 anos de idade. A segunda causa mais frequente em cães é a catarata decorrente do diabetes mellitus. Nesse último caso, a progressão da doença é rápida e acomete sempre os dois olhos. Como os cães não conseguem expressar quando a doença começa a se desenvolver, é fundamental que os tutores levem seus animaizinhos para uma consulta oftalmológica anual e fiquem atentos aos sinais da doença”, alerta Laura Paolucci, médica veterinária da ViZoo.
Segundo a veterinária, os tutores devem ficar atentos aos principais sinais clínicos: mudanças no comportamento, como esbarrar em objetos e móveis, tropeçar nos degraus da calçada durante os passeios, parar de correr para pegar brinquedos, não subir mais nos móveis, apresentar dificuldade para descer ou subir escadas, passar a ficar mais quieto, ansioso ou agressivo, e o principal deles, o olho fica mais esbranquiçado. “Conforme a catarata evolui, o cão pode ficar cada vez mais quietinho, desorientado, pode ter dificuldade de conviver com outros animais da casa, perder o apetite, e desenvolver outros problemas oculares, como uveíte, luxação do cristalino e glaucoma. A catarata tem impacto negativo e direto na qualidade de vida do animal”, esclarece Laura Paolucci.
A médica veterinária acrescenta que a catarata canina primária costuma ser mais incidente entre as raças Poodle, Cocker Spaniel, Schnauzer e Yorkshire Terrier, e apesar de estar associada ao envelhecimento, também pode acometer filhotes. “Nos casos em que a catarata é de origem primária, os sinais clínicos podem ser sutis e passarem despercebidos pelos tutores, por isso é importante o acompanhamento anual em cães de até 6 anos, e semestral em cães com mais de 6 anos, com um médico oftalmologista veterinário”, comenta.
A médica frisa que a prevenção da cegueira canina começa pela conscientização dos pais de pet. “Nos últimos anos o vínculo com os cães se transformou, os tutores passaram a enxergá-los como um membro da família, o que é explicado pela ciência. Um estudo feito pelo pesquisador da Universidade de Azabu, no Japão, Takefumi Kikusui, e outros cientistas, concluiu que o olhar mútuo entre cães e seus donos aumenta em ambos os níveis de ocitocina – o hormônio do amor. Portanto, não é aceitável que o pet, como um membro da família, fique cego por negligência do seu tutor”, declara.
A catarata pode ser evitada com os cuidados corretos, como explica a Dra. Laura Paolucci. “A cirurgia é a única forma de tratamento da catarata. Hoje na medicina veterinária, é utilizada a mesma técnica da oftalmologia humana: a facoemulsificação. É uma cirurgia minimamente invasiva na qual é implantada, no lugar do cristalino opaco, uma lente intraocular transparente de micro incisão exclusiva para cães e adaptável a diversos tamanhos de olhos. O paciente é liberado no mesmo dia e tem a visão restabelecida já no pós-operatório. Por mais que seja um procedimento com alta taxa de sucesso, entre 85 e 95%, é importante lembrar que o resultado também está relacionado ao estágio da catarata e aos cuidados do tutor no pós-operatório”, finaliza.
Fonte: Portal News